Ao chegar neste sábado a Davos (Suíça), onde participa do Fórum Econômico Mundial, o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, afirmou que os Estados Unidos terão o apoio de pelo menos 12 aliados em uma eventual guerra contra o Iraque – independentemente de o Conselho de Segurança das Nações Unidas adotar uma nova resolução sobre o assunto. A declaração de Powell coincidiu com as tentativas da União Européia de aparar as divergências entre os Estados Unidos e alguns de seus aliados mais próximos quanto à continuidade das inspeções de armas no Iraque. As informações são da CNN.
Washington vem enfrentando oposição crescente por parte de dois membros permanentes do Conselho de Segurança – França e Rússia – a qualquer ação militar precipitada contra Bagdad. A Alemanha, membro não permanente do Conselho, também é contra um ataque ao Iraque.
Powell chegou a Davos preparado a arrebanhar apoio internacional para uma possível guerra. "Trago uma mensagem da determinação norte-americana em trabalhar com a comunidade internacional visando a lidar com a ameaça mais importante, a ameaça representada por Saddam Hussein e suas armas de destruição em massa", disse o secretário.
"Não podemos começar a nos encolher agora", ressaltou. "O fardo é do Iraque, que tem que obedecer (à resolução da ONU) ou será obrigado por meio da força militar a obedecer".
Apesar de afirmar que os EUA têm o apoio de pelo menos 12 países em uma ação militar contra o Iraque, Powell só não falou que países estão do lado de Washington. "Não quero dar nomes porque acho que cada país deve falar por si só em um assunto tão importante como esse", disse. "Então, não estaremos sozinhos. Isto é certo. Posso falar em 12, de cabeça, mas acho que haverá mais".
O secretário reconheceu que tais aliados prefeririam que o Conselho de Segurança da ONU adotasse uma nova resolução. "Mas com ou sem outra resolução, eles estarão conosco", acrescentou.
Powell disse ainda que os Estados Unidos vão esperar os inspetores de armas da ONU apresentar seu relatório ao Conselho de Segurança antes de se decidirem sobre o que fazer com o Iraque. Entretanto, em entrevista ao jornal Financial Times, publicada neste sábado, o secretário opinou que os resultados das inspeções não vão melhorar se os técnicos tiverem mais tempo. "Há passos que planejamos metódica e deliberadamente", disse. "Uma hora, acho, a paciência da comunidade internacional chegará ao fim".
Powell lembrou que o impasse com o caso do Iraque será explicado de diversas formas nos próximos dias: na segunda-feira, com o relato dos inspetores de armas ao Conselho de Segurança da ONU; na terça-feira, com o discurso do presidente George W. Bush sobre o Estado da União; no dia seguinte, com uma reunião do Conselho de Segurança; e na sexta-feira, com uma visita do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, a Camp David.
Em um sinal de que a divergência entre Washington e aliados cruciais na Europa prossegue, os presidentes da França, Jacques Chirac, e da Rússia, Vladimir Putin, concordaram na sexta-feira, durante uma conversa por telefone, que suas posições sobre o Iraque são similares. Ambos já se pronunciaram contra uma ação militar precipitada dos Estados Unidos contra o Iraque.
Por sua vez, o chefe de política externa da União Européia, Javier Solana, declarou que um eventual racha entre os Estados Unidos e importantes países europeus na questão do Iraque seria algo muito negativo. "Temos todos que nos acalmar", disse Solana. "Temos uma amizade muito profunda com os Estados Unidos e temos que fazer o máximo para preservar esta amizade".