A mudança em uma lei sobre o Holocausto na Polônia abriu uma crise diplomática com o governo de Israel durante o fim de semana. Tudo porque, no texto aprovado pela Câmara Baixa de Varsóvia, fica proibida a menção do nome do país em qualquer referência ao extermínio de milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.
O premier de Israel, Benjamin Netanyahu, fez um duro discurso, exigindo que os poloneses "mudassem a lei" e dizendo que seu governo "não terá nenhuma tolerância pela falsificação da verdade, para reescrever a história ou pela negação do Holocausto". Por sua vez, a resposta de Varsóvia foi que não aceitaria a interferência de um governo estrangeiro em uma questão interna.
"Não vamos mudar nada na lei sobre o Instituto para a Memória Nacional. Basta com as acusações contra a Polônia e aos poloneses pelos crimes dos alemães", escreveu em sua conta no Twitter a porta-voz do partido governista e vice-presidente do Parlamento, Beata Mazurek. Ontem (28), o governo israelense convocou o embaixador polonês no país para dar explicações sobre o texto, na mais alta forma de protesto nas relações diplomáticas.
No entanto, no fim deste domingo, após um "longo telefonema" entre Netanyahu e o homólogo polonês, Mateusz Morawiecki, ficou decidido que será aberto um "imediato diálogo para buscar um acordo sobre a legislação de Varsóvia". O documento aprovado na última sexta-feira (26) ainda precisa ser aprovado pelo Senado e ser sancionado pelo presidente do país.
O texto prevê até três anos de prisão ou a imposição de uma multa àqueles que, em solo polonês ou no exterior, afirmem "publicamente e contra os fatos que atribuem à nação polonesa ou ao Estado polonês a responsabilidade, ou a corresponsabilidade, dos crimes cometidos pelo Terceiro Reich alemão ou ainda dos crimes contra a humanidade, contra a paz ou outros crimes cometidos durante a guerra".
As medidas também valem para quem usar frase do tipo "campos da morte poloneses" para se referir aos campos de concentração de extermínio nazista, como em Auschwitz, usados na Polônia ocupada pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial.