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Polícia dispersa à força protesto da oposição no Quênia

03 jan 2008 às 09:12

A polícia do Quênia usou canhões de água e bombas de gás lacrimogêneo nesta quinta-feira (3) para dispersar grupos de pessoas que se dirigiam a um protesto convocado pela oposição contra o resultado das eleições presidenciais da semana passada. O líder da oposição, Raila Odinga, acusa o presidente Mwai Kibaki, declarado reeleito, de ter fraudado a eleição.

Mais de 300 pessoas foram mortas na onda de violência que eclodiu no país após a eleição, e há temores de que a violência possa aumentar por causa de rivalidades tribais.


Odinga fez um apelo a seus correligionários para que comparecessem em massa a um parque em Nairóbi, capital do país, para exigirem a renúncia de Kibaki. O protesto foi proibido pela polícia.


O líder opositor disse à BBC que a manifestação é "um momento decisivo" para o Quênia.


Parque cercado


As forças de segurança cercaram o parque Uhuru na manhã desta quinta-feira para tentar impedir a concentração dos opositores.


Vestidos com cachecóis brancos e cantando o hino nacional, manifestantes da favela Kibera caminharam cerca de dois quilômetros em direção ao centro da cidade até serem parados pela polícia.


A tropa de choque bloqueou a saída de outros simpatizantes da oposição da favela, mas muitos prometiam resistir e tentar chegar a todo custo ao local da manifestação.


Odinga prometeu manter o protesto e disse que isso enviaria uma mensagem de paz aos simpatizantes da oposição.


"Este é um momento decisivo para o país, porque, como vocês podem ver, as pessoas deste país não querem aceitar isso de cabeça baixa", disse ele em entrevista à BBC.


"As pessoas querem ver nossa democracia fortalecida e expandida, para que o espaço democrático não seja espremido pelo governo", disse.


O correspondente da BBC em Nairóbi Ian Pannell diz que é pouco provável que a oposição consiga reunir um milhão de pessoas, como pretendia Odinga, mas poucos acreditam que o dia transcorra sem mais violência.


O vice-presidente do Quênia, Moody Awori, pediu a Odinga que aceite a derrota e desista dos protestos.


"Eu apelo ao meu amigo Raila: supere sua raiva, sua amargura e suas emoções negativas pelo bem do nosso país, que você tanto quer liderar", afirmou em uma declaração pública.


O presidente de Uganda, Yoweri Museveni, se tornou o primeiro chefe de Estado a endossar o resultado da eleição e parabenizou Kibaki.


Na terça-feira, uma missão de observadores da União Européia disse que as eleições não haviam sido lisas. Membros da própria comissão eleitoral do Quênia também sugeriram que a contagem dos votos pode ter sido fraudada.

BBC Brasil


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