A mesma aeronave que sofreria a maior tragédia da aviação brasileira teve dificuldade para pousar na véspera do acidente. O piloto José Eduardo Batalha Brosco, funcionário da TAM, pousou no Aeroporto Internacional de Congonhas, do dia 16 de junho, com a mesma aeronave que, no dia seguinte, colidiria com um terminal de cargas da empresa.
O relatório da torre de comando de Congonhas afirma que Brosco informou ter tomado um "susto" ao tentar pousar. "Teve muita dificuldade de frear a aeronave. (..) Pista estava escorregadia", segundo o relatório. O documento, entregue pela Aeronáutica à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo, foi tornado público nesta terça-feira (31) pelos deputados.
Em depoimento à comissão, Brosco confirma as informações do relatório. "Conversei com os colegas e cheguei em casa abalado", contou aos parlamentares. "Fiz um relatório de perigo para a TAM, de imediato". O piloto considera que o principal problema, em seu pouso, foi a pista. Mas considera que somente os dados da caixa-preta podem apontar a causa do acidente com a aeronave.
"A pista nova de Congonhas é mais escorregadia que a anterior", segundo Brosco, referindo-se à reforma pela qual passou a pista principal, para aumentar a aderência do asfalto. Brosco considera que a pista de Congonhas é segura apenas "sem chuva".
No dia, segundo o piloto, havia chuva leve em São Paulo e a aeronave estava com 63 toneladas. O peso máximo era 64,5. A aproximação teria ocorrido de forma normal. O piloto considera que a dificuldade em pousar não foi culpa do reverso, equipamento de vôo que vai acoplado à turbina do avião, para auxiliar a reduzir a velocidade durante o pouso. O manete estava em marcha lenta, como determina o manual de instruções da Airbus, segundo ele.
ABr