A Polícia Federal vai enviar uma equipe aos Estados Unidos para checar as transações envolvendo joias feitas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados, como o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e seu pai, o general Mauro Lourena Cid.
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A expectativa dos investigadores é fazer a viagem ainda neste mês. Apenas depois dessa etapa a investigação brasileira será concluída.
Desde o ano passado, após pedido de cooperação internacional formalizado pela PF ao governo dos EUA, o FBI, a polícia federal dos EUA, começou a colaborar com as investigações de autoridades brasileiras sobre a venda de joias e outros artigos de luxo recebidos como presente pelo ex-mandatário. O acordo tem o nome de Mutual Legal Assistance Treaties.
As joias enviadas pelo governo da Arábia Saudita para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro foram avaliadas em R$ 5.602.897,30 pela Receita Federal, segundo mostrou a colunista Mônica Bergamo.
As investigações apontaram que Bolsonaro e auxiliares retiraram do país, no avião presidencial, pelo menos outros quatro conjuntos de bens recebidos pelo ex-presidente em viagens internacionais, na condição de chefe de Estado.
A viagem ocorreu em 30 de dezembro de 2022, véspera do último dia de mandato de Bolsonaro, para assim evitar seguir o rito democrático de passar a faixa a seu sucessor eleito, o hoje presidente Lula (PT).
A família Bolsonaro mantém contas em bancos nos Estados Unidos, bem como a de Mauro Cid. Elas podem ter sido utilizadas nas transações, segundo pessoas que acompanham as apurações ouvidas pela Folha.
Além disso, a loja e a leiloeira onde as joias foram negociadas estão no país. Nesse caso, o objetivo é, desde a primeira viagem, mapear quem procurou essas lojas e para quem elas repassaram os valores provenientes da venda.
Uma caixa de joias dada a Bolsonaro pela Arábia Saudita foi colocada à venda por uma loja de artigos de luxo de Nova York no começo do ano passado.
Em agosto passado, intimados a comparecer à PF para serem ouvidos simultaneamente sobre o caso, Bolsonaro e Michelle decidiram silenciar diante dos investigadores.
Afirmaram à época, por meio de seus advogados, que a PGR (Procuradoria-Geral da República) não reconhecia a competência do Supremo Tribunal Federal e do ministro Alexandre de Moraes para o caso de investigação da venda das joias no exterior. Na ocasião, a PGR era comandada por Augusto Aras, que ficou no cargo por quatro anos após ser indicado duas vezes por Bolsonaro.
O inquérito sobre as joias deve ser o segundo que mira Bolsonaro que a PF concluirá. A ideia dos investigadores é terminar também a investigação que trata de uma trama do ex-presidente e aliados para impedir a posse do presidente Lula até o meio do ano.
Em outra frente, a PF indiciou em março o ex-presidente, Mauro Cid, o deputado Gutemberg Reis (MDB-RJ) e outras 14 pessoas no caso que apura a falsificação de certificados de vacinas contra a Covid-19.
A apuração apontou a suspeita dos crimes de inserção de dados falsos em sistema público e associação criminosa, e a PF diz que a fraude pode ter sido realizada no escopo da tentativa de aplicar um golpe de Estado no país e impedir a posse de Lula.