A Polícia Federal (PF) desarticulou nesta terça-feira (28) uma quadrilha responsável por um golpe superior a R$ 5 milhões contra a Caixa Econômica Federal (CEF). De acordo com o delegado federal Oswaldo Scalezi, que coordenou a Operação Jogo Sujo, o grupo comprou uma casa lotérica na Tijuca (zona norte do Rio) com a única finalidade de fraudar o sistema de loterias (Mega-Sena) e pagamentos de contas.
O delegado informou que o prejuízo da Caixa é decorrente da quantia apostada pela quadrilha, mais os pagamentos de contas feitos por clientes e o recebimento de prêmios, sem que os valores tenham sido repassados ao banco.
Segundo a PF, pelo menos sete pessoas já foram presas e a quadrilha é suspeita de já ter praticado outras vezes crimes semelhantes, o que ainda está sendo investigado.
Os criminosos jogaram 620 bilhetes de 15 dezenas, no valor de R$ 7,5 mil, cada um, totalizando cerca de R$ 5 milhões. Os concursos fraudados foram 876 e 877 da Mega-Sena, mas este último, segundo a Caixa, teve o pagamento dos bilhetes fraudados bloqueados a tempo. Eles também recolheram um total de R$ 45 mil em contas pagas pelos clientes.
Os criminosos tiveram 19 bilhetes premiados com quadras, sendo que oito foram pagos, dois apreendidos e nove continuam desaparecidos. Cada bilhete com 15 dezenas premiado dá direito ao pagamento de 55 quadras, o que foi equivalente a R$ 12.485,00 no concurso 876, que pagou R$ 227,00 por quadra.
O golpe começou no dia 12 de junho, quando os criminosos passaram a operar a lotérica Toque de Midas, pela qual haviam pago R$ 130 mil aos antigos proprietários. Entre a quarta-feira e o domingo, os golpistas fizeram as apostas e receberam o pagamento de contas. Os maiores valores apostados foram no sábado, R$ 2,1 milhões, e no domingo, R$ 2,9 milhões. A PF só foi acionada pela Caixa na sexta-feira seguinte à fraude, em 22 de junho, quando começou a investigar a quadrilha.
O delegado disse que a suspeita foi levantada pela quantia jogada em uma única casa lotérica durante um final de semana. "O volume jogado foi de R$ 5 milhões, algo monstruoso para uma lotérica, em qualquer lugar do país".
De acordo com Scalezi, o líder da quadrilha mora na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, e se passava por empresário. Outros dois suspeitos estão foragidos.
Ele garantiu, no entanto, que o sistema é seguro para quem aposta ou paga contas, pois a Caixa se responsabiliza pelo pagamento dos prêmios ou a quitação das contas no momento em que recebe o dinheiro do cliente. "O sistema de loterias da Caixa é confiável. A aposta feita por qualquer apostador, em qualquer lugar do país, permanece intacta, não passível de fraude".
Scalezi disse que a PF formou um grupo de trabalho, composto por cinco delegados, com o único objetivo de acompanhar inquéritos relativos à Caixa. Segundo ele, só nos últimos 12 meses foram abertas quatro mil investigações.