Forças de segurança da Síria abriram fogo contra milhares de pessoas que compareceram hoje (23) aos funerais de manifestantes mortos durante protestos contra o governo ocorridos ontem (22). Relatos indicam que pelo menos nove pessoas morreram.
Segundo testemunhas, os disparos foram feitos na capital, Damasco, além das cidades de Homs, no Oeste do país, e em Ezra, no Sul. As mortes ocorreram, de acordo com os relatos, em Ezra e nos subúrbios de Douma e Barzeh, na capital.
Em Damasco, integrantes das forças de segurança atiraram em pessoas que acompanhavam um funeral. Em outro, os agentes apenas mandaram as pessoas voltar para casa.
Os protestos de ontem foram os mais sangrentos na Síria desde o início das manifestações contra o governo do presidente Bashar Al Assad, que está no poder há quase 11 anos. Os dissidentes pedem reformas democráticas no país.
Pelo menos 70 manifestantes foram mortos nessa sexta-feira. No entanto, entidades de defesa dos direitos humanos afirmam que o número pode passar de 100. Os episódios causaram forte reação, dentro e fora do país.
Neste sábado, dois integrantes do Parlamento sírio renunciaram, em protesto pelas mortes. Ambos os parlamentares são da cidade de Deraa, onde ocorreram diversas mortes ontem.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, condenou a violência "nos termos mais fortes possíveis" e acusou a Síria de usar força desproporcional contra os dissidentes, além de buscar ajuda iraniana para conter os protestos.
Neste sábado, o governo sírio chamou a declaração de Obama de tendenciosa, por não ser baseada em uma visão objetiva da realidade". Segundo o Ministério do Exterior iraniano, o governo de Teerã rejeita as acusações americanas.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu uma investigação independente sobre os atos de violência na Síria e exigiu que o governo de Damasco aceite as manifestações populares de forma democrática.
O governo sírio não fez comentários sobre os acontecimentos de hoje, mas, em relação aos protestos de ontem, a agência estatal de notícias, Sana, afirmou que grupos de criminosos mataram integrantes do Exército e da polícia.