Um parlamentar indonésio renunciou ao mandato nesta segunda-feira (11) depois de ser pego vendo um vídeo pornográfico em pleno Parlamento.
O político, que usa somente o nome Arifinto, é membro do Partido da Justiça Próspera Islâmica (PKS), tido como principal responsável pela aprovação de leis contra a pornografia.
Arifinto foi fotografado vendo cenas de sexo explícito em um tablet no plenário do Parlamento, na última sexta-feira.
O parlamentar disse ter aberto inadvertidamente um endereço de internet em um e-mail, que teria levado até as imagens.
"Peço desculpas a todos os membros do meu partido e do Parlamento pela recente cobertura da mídia", disse Arifinto, em uma entrevista coletiva nesta segunda-feira.
"Continuarei a trabalhar por meu partido, mas continuarei também a melhorar a mim mesmo, com penitências, lendo o Alcorão e pedindo orientações."
A Indonésia é um estado laico, com uma longa tradição de tolerância. No entanto, nos últimos anos, grupos islâmicos conservadores passaram a se manifestar contra determinadas práticas, tornando a pornografia um dos principais testes para a influência do Islã na política do país.
Antipornografia
A correspondente da BBC em Jacarta, Kate McGeown, disse que o PKS é a principal força por trás das legislações contra a pornografia no país.
Se for provado que Arifinto estava realmente assistindo a um filme pornográfico, como sugere a fotografia, ele pode ser acusado e penalizado por uma lei feita por seu próprio partido.
No entanto, o chefe do corpo de Jurisprudência Islâmica do PKS, Surahman Hidayat, saiu em defesa do parlamentar.
"Os legisladores do PKS são humanos. O que aconteceu (com Arifinto) poderia ter acontecido com qualquer um."
Membros de outros grupos religiosos e étnicos na Indonésia, incluindo muitos muçulmanos moderados, criticaram as leis antipornografia, dizendo que elas diminuem a liberdade de expressão cultural.
Meses atrás, o PKS e outros partidos conservadores perseguiram o ex-editor da edição indonésia da revista Playboy, que não publica nudez no país.
Em janeiro deste ano, um dos astros mais conhecidos do sul da Ásia, o cantor Nazril Irham (também conhecido como Ariel), foi condenado a três anos e meio de prisão por fazer e distribuir vídeos com cenas de sexo na internet.
Ele negou ter distribuído os vídeos, alegando que eles foram roubados.
O governo também pediu que a empresa que fabrica os telefones celulares Blackberry, Research In Motion (RIM), evite disponibilizar conteúdo pornográfico em seus telefones, se quiser manter a distribuição dos aparelhos no país.