Destaque para a Samaúma
O papa Francisco aprovou nesta quarta-feira (20) uma resolução que simplifica os funerais papais. O texto retira a obrigação de que os pontífices sejam enterrados em três caixões sofisticados e interligados, feitos de cipreste, chumbo e carvalho. Em vez de manter a tradição, o argentino pediu para ser sepultado em um caixão simples de madeira revestido de zinco.
O corpo do papa também não será exposto em uma plataforma elevada, chamada de catafalco, como era praxe. Os visitantes ainda serão bem-vindos para prestar suas últimas homenagens, mas o corpo será deixado no caixão, que ficará aberto.
"[O novo rito] destaca que o funeral do pontífice romano é o de um pastor e discípulo de Cristo, não o de um homem poderoso", disse à mídia do Vaticano o monsenhor Diego Ravelli, mestre das celebrações litúrgicas pontifícias.
Francisco, que completará 88 anos em 17 de dezembro, tem sofrido com problemas de saúde. O papa precisa de cadeira de rodas devido a dores nos joelhos e nas costas. Ainda assim, fez duas viagens internacionais em setembro e esteve à frente de uma cúpula robusta de líderes católicos no Vaticano no mês de outubro.
O argentino já havia havia manifestado o desejo de simplificar os ritos fúnebres. Em dezembro do ano passado, ele disse que não quer ser enterrado na Basílica de São Pedro, no Vaticano, como manda a tradição, mas na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, onde tradicionalmente vai rezar antes e depois de cada uma de suas viagens ao exterior. "É a minha devoção já há muito tempo", disse ele.
O último papa a ser enterrado fora do Vaticano foi Leão 13, que morreu em 1903 teve os restos mortais guardados na Basílica de São João de Latrão, em Roma. Três caixões eram tradicionalmente usados para enterrar os papas. Também era permitido que objetos, incluindo moedas ou papéis emitidos pelo papa durante seu pontificado, fossem colocados ao lado do corpo.
Desde o início de seu papado, em 2013, Francisco tem procurado se afastar de rituais luxuosos em favor de maior simplicidade e proximidade com os fiéis.
Nos últimos anos, os problemas de saúde do pontífice se agravaram. Em 2023, o papa teve de ser submetido a uma cirurgia de emergência na região abdominal. As hospitalizações trouxeram à tona especulações sobre uma possível renúncia do argentino após o precedente histórico estabelecido por seu antecessor, Bento 16 –papa emérito por quase uma década e morto no final de 2022 aos 95 anos.
Francisco já revelou ter assinado, ainda no início de seu papado, uma carta de renúncia na eventualidade de que seus problemas de saúde o impedissem de desempenhar suas funções. Ele reiterou em várias ocasiões que não descarta deixar o cargo caso os problemas se agravem –embora tenha declarado que renúncias do tipo não devem "virar moda".
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