O uso abusivo de analgésicos levou a Flórida a criar uma lei, que entrou em vigor nesta sexta-feira (1), para restringir a prescrição do medicamento. Segundo pesquisas médicas, a overdose desses remédios causa mais mortes no Estado americano do que a cocaína.
Na cerimônia de promulgação da nova lei, o governador Rick Scott lamentou a facilidade em se comprar remédios altamente viciantes, como o Oxycocodone, no Estado.
Segundo um relatório da associação Florida Medical Examiners, cerca de sete pessoas morreram por dia na Flórida vítimas de overdose de analgésicos, entre janeiro de 2009 e junho de 2010.
O número supera o das mortes por overdose de cocaína na Flórida, nos dias atuais, e até mesmo as cifras relacionadas às epidemias de crack, nos anos 1980, e de heroína, na década de 1970, de acordo com a associação.
Segundo a associação de parentes das vítimas StoppNow, apenas no sul da Flórida (que concentra uma população de 5 milhões) existem 183 clínicas dedicadas ao tratamento de dores e a receitar analgésicos. Em todo o Estado são 900 centros.
Epidemia
Autoridades de saúde consideram que o Estado vive uma epidemia e falam em uma indústria por trás da venda deliberada de remédios à base de ópio. No condado de Broward, por exemplo, existem mais clínicas de tratamento contra a dor do que lojas da rede McDonald´s.
Um dos focos da campanha contra a overdose de analgésicos é a droga Oxycodone. O relatório da Florida Medical Examiners cita a venda de 400 milhões de pílulas por ano, a maioria para viciados no remédio.
O médico e especialista em saúde pública Elmer Huerta disse à BBC Mundo que o Oxycodone "é uma das drogas mais abusivas dos Estados Unidos. Quando você toma, sente que está em outro mundo, num estado de indiferença".
Turismo médico
A StoppNow diz ainda que milhares de americanos viajam todos os anos para a Flórida a fim de conseguir receitas para analgésicos.
Em abril deste ano, o governo Barack Obama lançou um plano nacional para controlar o uso abusivo de remédios.
Uma das medidas do plano é alertar os médicos para que reduzam a prescrição de analgésicos com alto poder de vício.