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ONU 'recruta' Homem-Aranha para mudar imagem

05 jan 2008 às 15:00

Quando os críticos atacam as Nações Unidas, eles freqüentemente acusam a organização mundial de ser tomada por uma teia de burocracia. Mas agora a ONU pretende mudar essa imagem usando a teia do Homem-Aranha.

A organização anunciou recentemente um acordo com a editora de quadrinhos Marvel, que tem os direitos sobre a imagem do super-herói.


Juntos, eles querem publicar uma revista em quadrinhos mostrando o Homem-Aranha lutando ao lado de trabalhadores humanitários e soldados de forças de paz da ONU.


A Marvel ofereceu publicar o trabalho sem cobrar nada da organização.


A ONU está buscando uma ajuda privada para distribuir 1 milhão de cópias para estudantes americanos.


O criador do projeto, o produtor francês Romuald Sciora, diz esperar que o trabalho seja então traduzido para outras línguas.


Críticas


A idéia já começa, porém, a despertar críticas. John Bolton, ex-embaixador dos Estados Unidos na ONU, classificou a idéia como "um ato de desespero".


Ele disse que a organização deveria se concentrar em melhorar seu desempenho em geral.


"Você pode ter o Homem-Aranha em uma história em quadrinhos para tudo o que quiser, mas isso não vai mudar a percepção do público", disse ele à BBC.


Porém o responsável pelo projeto na ONU diz que os críticos não estão entendendo o ponto central da idéia.


Amir Dossal, chefe do Escritório de Parcerias da ONU, que financia metade do projeto, disse à BBC que os quadrinhos não têm a intenção de promover a ONU em si, mas informar as crianças sobre o trabalho humanitário da organização.


"Um cara normal"


Apesar disso, os diplomatas e os fãs dos quadrinhos especulam o porquê da ONU se aliar com o Homem-Aranha.


Jerry Gladstone, co-proprietário da loja especializada Midtown Comics, em Nova York, disse à BBC que a imagem do Homem-Aranha é mais conhecida do que as de outros personagens da Marvel, como X-Men ou o Quarteto Fantástico.


Seu colega Brian Quinn comentou que a história do Homem-Aranha o torna "um dos personagens aos quais as pessoas mais conseguem se relacionar entre todos os personagens dos quadrinhos".


"Ele é apenas um cara normal, que luta para usar seus incríveis poderes de maneira responsável", diz ele. Isso, para Quinn, não está muito longe da posição da ONU.


Estudantes


No fim das contas, porém, o sucesso ou o fracasso do projeto não dependerá do Duende Verde ou do Abutre, vilões das histórias do super-herói, mas da reação do público-alvo aos quadrinhos da ONU.


A BBC questionou vários estudantes americanos que realizavam um passeio pela sede da ONU em Nova York sobre o que achavam da idéia.


A maioria disse que ficaria mais interessada no trabalho da ONU se a organização estivesse associada com o personagem.


Um pequeno garoto, porém, discordou ferozmente. "Eu não gosto de super-heróis", disse ele à BBC. "Eu não acho que eles sejam reais."


A história em quadrinhos deve ser lançada somente em 2009, quando a ONU poderá então descobrir se heróis da ficção conseguem gerar um apoio real.

As informações são da BBC Brasil.


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