A secretária de Estado adjunta norte-americana para a América Latina, Roberta Jacobson, que chefia a delegação dos Estados Unidos reunida em Havana com representantes do governo cubano, disse hoje (23) que a nova política do governo de Barack Obama em relação a Cuba visa a promover maior abertura, com mais direitos e liberdades na ilha.
Após a conclusão da primeira rodada de reuniões entre representantes das duas partes, a secretária disse, durante coletiva de imprensa, que a questão dos direitos humanos e da democracia é "crucial" para os Estados Unidos e que, nesta área, ainda há "diferenças profundas" com o governo de Cuba. Ela ressaltou, no entanto, que isso não deve ser uma barreira nas negociações para o restabelecimento das relações diplomáticas e a reabertura de embaixadas.
Ontem, a Casa Branca publicou em sua conta no microblog Twitter uma declaração do presidente norte-americano sobre a retomada das relações diplomáticas entre os dois países. "Quando você faz algo repetidas vezes por 50 anos e não funciona, é hora de tentar algo novo", disse. No dia anterior, quando apelou, em discurso no Congresso, para que os parlamentares aprovem o fim do embargo econômico à ilha, outra declaração foi publicada no Twitter: "Em Cuba, nós estamos encerrando uma política que passou muito do prazo de validade"
A primeira rodada de reuniões entre os dois governos desde os anúncios feitos por Obama e pelo presidente cubano Raúl Castro sobre a retomada das relações diplomáticas entre seus países teve início na quarta-feira (21). No primeiro dia, os representantes cubanos expressaram preocupação com a Lei de Ajustamento Cubano e a chamada política de "pés secos, pés molhados", que consideram "o principal incentivo à imigração ilegal para os Estados Unidos".
Apesar de não terem fixado prazo para a reabertura de suas embaixadas, chefes das duas delegações elogiaram a disposição e abertura de cada parte em discutir o restabelecimento das relações diplomáticas. O embarco econômico contra Cuba foi imposto pelos Estados Unidos em 1962, após a mal sucedida tentativa de derrubar o regime de Fidel Castro, na invasão conhecida como episódio da Baía dos Porcos.