A SpaceX realizou com sucesso o terceiro lançamento de perfil orbital de seu veículo Starship, destinado a levar humanos à superfície da Lua ainda nesta década. O voo partiu de Starbase, centro da companhia em Boca Chica, no Texas (Estados Unidos), na manhã desta quinta-feira (14).
A exemplo do que havia acontecido no segundo voo, os motores do primeiro estágio, movidos a metano e oxigênio líquidos, funcionaram a contento até a separação, e o segundo estágio (a espaçonave propriamente dita) fez sua escalada para a órbita, concluída em cerca de oito minutos e meio.
Com isso, foi superado o resultado obtido no segundo voo, realizado em novembro do ano passado e encerrado pelo sistema de autodestruição do segundo estágio após uma anomalia nos motores ao final da queima, pouco antes de chegar a uma trajetória "quase orbital", que levaria a uma reentrada natural sobre o Pacífico cerca de 90 minutos após a decolagem.
Durante sua estadia no espaço, o Starship conduzirá alguns testes tecnológicos, como a abertura e o fechamento da porta da área de carga e a transferência de propelente de um tanque a outro -ações necessárias para o futuro uso do veículo para o envio de satélites à órbita e seu reabastecimento no espaço para a realização de missões lunares tripuladas.
A reentrada do segundo estágio está programada para acontecer sobre o oceano Índico, com um pouso na água cerca de 65 minutos após a decolagem. Se tudo correr bem, serão realizados testes preliminares de pouso controlado tanto com o primeiro como o segundo estágios, mas ambos serão perdidos ao atingir a água.
São as mesmas manobras já realizadas de forma corriqueira pelo primeiro estágio do foguete Falcon 9, principal lançador da companhia, mas desta vez envolvendo um veículo muito maior e mais motores embarcados (são 33 ao todo no primeiro estágio do Starship, contra nove do Falcon 9). Também será a primeira tentativa de trazer de volta de maneira controlada um segundo estágio de foguete saído de órbita, verificando o sucesso do sistema de proteção térmica contra o calor da reentrada.
Caso tudo isso aconteça com sucesso, abre-se caminho para o início do uso comercial do Starship como veículo transportador de satélites e também para a recuperação efetiva dos estágios para novos voos.
A SpaceX espera fazer outros seis lançamentos do Starship ainda neste ano -o que ainda é pouco para qualificar todas as novas tecnologias do veículo e viabilizar seu uso na missão Artemis 3, da Nasa, destinada a levar astronautas à superfície da Lua.
Estima-se que serão precisos ao menos dez lançamentos em rápida sucessão para o reabastecimento em órbita requerido para uma missão lunar de ida e volta, e a empresa espera ter realizado cerca de cem voos do Starship antes de colocar uma tripulação nele. Será desafiador cumprir isso até o final de 2026, para quando está marcada a Artemis 3. É uma boa aposta que vá atrasar.
De toda forma, o sucesso deste terceiro voo ao atingir a órbita já demonstra a condição operacional do maior e mais poderoso foguete já construído em toda a história -o arauto de uma nova era na conquista do espaço.