Menos da metade das mulheres relata que foi orientada por médicos sobre o risco de doenças cardiovasculares, segundo dados da American Heart Association, divulgados em seu boletim sobre o impacto das doenças cardiovasculares na população feminina americana.
"Historicamente, subestima-se a real importância do risco cardiovascular na população feminina, quando se compara ao valor atribuído à população masculina. Há um direcionamento preferencial na prevenção do câncer de mama e colo uterino e da osteoporose, em detrimento da prevenção cardiovascular.
Essa situação precisa mudar urgentemente, uma vez que as cardiopatias são a principal causa de morte em mulheres, superando a mortalidade por câncer", afirma o Dr. Hermes Xavier, cardiologista e professor titular de cardiologia da Faculdade de Ciências Médicas de Santos do Centro Universitário Lusíada (UNILUS).
Como conseqüência, nas últimas décadas, a incidência de doenças cardiovasculares (DCV) em mulheres tem, em muitos países, se igualado ou mesmo ultrapassado o índice de mortalidade em homens. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia, na cidade de São Paulo, por exemplo, a relação de mortalidade por doença arterial coronária entre homens e mulheres era de dez homens para cada mulher em 1970. Em 2002, a proporção já era de 2,45 casos masculinos para cada feminino.
Um dos principais fatores de risco modificáveis para a doença da artéria coronária (DAC) é a alteração ou anormalidade nos níveis de gordura no sangue (colesterol, triglicérides), chamada dislipidemia. Ensaios clínicos demonstraram uma importante diminuição na incidência de eventos cardiovasculares ao reduzir os níveis de LDL-colesterol (o colesterol ruim), resultando, nos últimos 20 anos, em redução expressiva na mortalidade por DAC em homens. Esse benefício, no entanto, não foi evidenciado em mulheres, cuja ocorrência de DAC continua aumentando.
Portanto, as mulheres devem começar a se submeter a exames cardiológicos por volta dos 40 anos.