Decisão unânime
São Paulo - Descontente com o tratamento que recebe na mídia tradicional, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) está montando sua própria rede de comunicação. A coordenação nacional tem recomendado aos assentamentos e acampamentos que instalem emissoras de rádio, conectem-se à internet e dêem suporte às publicações do movimento. Todos os escritórios regionais do MST, espalhados por 23 Estados, já estão ligados à internet. Em cada Estado também há pelo menos uma emissora comunitária em assentamentos.
No momento, a coordenação do MST vem procurando convencer o governo federal a investir nesta rede de rádio, em troca da difusão de propaganda oficial e mensagens de interesse público. Em alguns Estados, como São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, já existem duas ou mais emissoras.
Uma das mais antigas e eficientes, a Rádio Camponesa, funciona em Itaberá, no sudoeste de São Paulo. Instalada numa agrovila, onde vivem quase 600 famílias, vai ao ar todos os dias, das 6 às 20 horas, sob o slogan ''reforma agrária no ar''. Na programação, executada por um grupo de cinco rapazes e moças, há muita propaganda do MST e das suas causas, como a defesa da agricultura familiar e o ataque ao agronegócio.
O mensário Sem Terra, o mais antigo e conhecido veículo do MST, com tiragem de 35 mil exemplares, é obrigatoriamente lido e discutido nas reuniões de brigadas familiares em acampamentos, grupos de jovens e cursos de formação. A organização também publica a ''Revista Sem Terra'', com 10 mil exemplares, em papel cuchê. É dirigida a universitários, professores, políticos, profissionais liberais e outros grupos onde podem ser encontrados simpatizantes da causa.
A organização dispõe ainda de um boletim eletrônico semanal, o MST Informa, enviado para 55 mil endereços virtuais. O site institucional, www.mst.org.br, embora pobre de recursos visuais, é atualizado diariamente e tem primos em outros cinco idiomas inglês, espanhol, italiano, francês, sueco e alemão.
Em dias normais, o volume de internautas que visitam o site gira em torno de 1.500. Nos períodos de mobilização, como o abril vermelho, chega a 4 mil. Os meios eletrônicos são usados frequentemente na arrecadação de fundos. A versão americana sugere aos simpatizantes que ajudem a custear a formação de militantes do MST.
Nos acampamentos, o meio de comunicação mais difundido é a rádio-poste, que funciona apenas com microfone, bateria, amplificador, alto-falante e, obviamente, um poste. Serve para informar, convocar os acampados para reuniões, organizar atividades, transmitir músicas e recados. Ela tem uma coirmã, a rádio-volante, que acompanha as marchas, animando as colunas com músicas e palavras de ordem.
Nestas marchas e em outras operações, como invasões de fazendas, é quase impossível encontrar um coordenador do MST sem o celular na mão ou pendurado na cintura. O pré-pago virou objeto de consumo essencial no cotidiano sem-terra.
A rede alternativa é prioridade no MST. Seus líderes são categóricos ao dizer que os grandes jornais, as redes de TV e de rádio não têm simpatia pela organização nem pela reforma agrária e distorcem a realidade, dando ênfase exagerada à cobertura de fatos negativos, ao mesmo tempo em que ocultam dos leitores argumentos favoráveis à redistribuição de terras.
No momento, segundo Miguel Stédile, do setor de comunicação do MST, a imprensa estaria empenhada em indispor a organização com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, velho simpatizante da bandeira da reforma. O mais conhecido líder da organização e um de seus fundadores, João Pedro Stédile, pai de Miguel, vai além. Para ele os grandes veículos de comunicação no Brasil assumiram características de partido político. Seus donos teriam um projeto político e econômico para o País e usariam jornais, rádios e televisões para defendê-lo: ''Eles são o grande partido ideológico da burguesia brasileira, com mais influência do que qualquer outra sigla.''
O MST não controla nenhuma emissora ou programa de TV, mas a imagem também está na sua mira. Já produz vídeos que são enviados para TVs educativas, comunitárias e universitárias, onde vão conquistando espaço. (Colaboraram Elder Ogliari, José Maria Tomazela e Angela Lacerda/AE)
No momento, a coordenação do MST vem procurando convencer o governo federal a investir nesta rede de rádio, em troca da difusão de propaganda oficial e mensagens de interesse público. Em alguns Estados, como São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, já existem duas ou mais emissoras.
Uma das mais antigas e eficientes, a Rádio Camponesa, funciona em Itaberá, no sudoeste de São Paulo. Instalada numa agrovila, onde vivem quase 600 famílias, vai ao ar todos os dias, das 6 às 20 horas, sob o slogan ''reforma agrária no ar''. Na programação, executada por um grupo de cinco rapazes e moças, há muita propaganda do MST e das suas causas, como a defesa da agricultura familiar e o ataque ao agronegócio.
O mensário Sem Terra, o mais antigo e conhecido veículo do MST, com tiragem de 35 mil exemplares, é obrigatoriamente lido e discutido nas reuniões de brigadas familiares em acampamentos, grupos de jovens e cursos de formação. A organização também publica a ''Revista Sem Terra'', com 10 mil exemplares, em papel cuchê. É dirigida a universitários, professores, políticos, profissionais liberais e outros grupos onde podem ser encontrados simpatizantes da causa.
A organização dispõe ainda de um boletim eletrônico semanal, o MST Informa, enviado para 55 mil endereços virtuais. O site institucional, www.mst.org.br, embora pobre de recursos visuais, é atualizado diariamente e tem primos em outros cinco idiomas inglês, espanhol, italiano, francês, sueco e alemão.
Em dias normais, o volume de internautas que visitam o site gira em torno de 1.500. Nos períodos de mobilização, como o abril vermelho, chega a 4 mil. Os meios eletrônicos são usados frequentemente na arrecadação de fundos. A versão americana sugere aos simpatizantes que ajudem a custear a formação de militantes do MST.
Nos acampamentos, o meio de comunicação mais difundido é a rádio-poste, que funciona apenas com microfone, bateria, amplificador, alto-falante e, obviamente, um poste. Serve para informar, convocar os acampados para reuniões, organizar atividades, transmitir músicas e recados. Ela tem uma coirmã, a rádio-volante, que acompanha as marchas, animando as colunas com músicas e palavras de ordem.
Nestas marchas e em outras operações, como invasões de fazendas, é quase impossível encontrar um coordenador do MST sem o celular na mão ou pendurado na cintura. O pré-pago virou objeto de consumo essencial no cotidiano sem-terra.
A rede alternativa é prioridade no MST. Seus líderes são categóricos ao dizer que os grandes jornais, as redes de TV e de rádio não têm simpatia pela organização nem pela reforma agrária e distorcem a realidade, dando ênfase exagerada à cobertura de fatos negativos, ao mesmo tempo em que ocultam dos leitores argumentos favoráveis à redistribuição de terras.
No momento, segundo Miguel Stédile, do setor de comunicação do MST, a imprensa estaria empenhada em indispor a organização com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, velho simpatizante da bandeira da reforma. O mais conhecido líder da organização e um de seus fundadores, João Pedro Stédile, pai de Miguel, vai além. Para ele os grandes veículos de comunicação no Brasil assumiram características de partido político. Seus donos teriam um projeto político e econômico para o País e usariam jornais, rádios e televisões para defendê-lo: ''Eles são o grande partido ideológico da burguesia brasileira, com mais influência do que qualquer outra sigla.''
O MST não controla nenhuma emissora ou programa de TV, mas a imagem também está na sua mira. Já produz vídeos que são enviados para TVs educativas, comunitárias e universitárias, onde vão conquistando espaço. (Colaboraram Elder Ogliari, José Maria Tomazela e Angela Lacerda/AE)