O Ministério Público Federal em Bauru (SP) ajuizou ação civil pública com pedido de liminar para que a União, representada pelo Ministério da Agricultura Pecuária a Abastecimento, apresente, no prazo máximo de dez dias, cronograma para implementação de rotina mais eficaz de análises de absorção de água nas carnes de aves congeladas e resfriadas.
Atualmente, a única rotina utilizada pelo Ministério da Agricultura, conhecida como "dripping test", além de não ter a eficiência necessária, somente é aplicável às carnes de frango em carcaças congeladas, ficando de fora da fiscalização as carnes resfriadas e as carnes comercializadas em partes, segundo apurou o MPF, valendo-se inclusive de metodologia científica desenvolvida pelo doutor Roberto de Oliveira Roça, do Departamento de Gestão e Tecnologia Agroindustrial da Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho (Unesp-Botucatu), que poderia até mesmo ter sido adotada pelo Ministério da Agricultura.
A ação foi instaurada com base em informações encaminhadas pelo Ministério Público Estadual que indicavam que, por causa de falhas de fiscalização por parte do Serviço de Inspeção Federal (SIF - órgão do Ministério da Agricultura), irregularidades como a injeção de água ou de substâncias que propiciam a retenção de água pela carne dos frangos, e até mesmo a colocação de pedaços de gelo no interior de frangos inteiros para influenciar no peso do produto, causavam e causam prejuízos aos consumidores.
Na ação, o MPF lembra que o Brasil é o maior exportador de carnes do mundo, o que torna incompreensível a leniência na solução de tais problemas, que podem afetar as exportações, já que, regularmente, os países importadores enviam missões ao Brasil para verificar se as condições sanitárias são satisfatórias.