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Morte de Augusto Pinochet divide reações

11 dez 2006 às 10:22

Milhares de chilenos saíram às ruas para comemorar ou para lamentar a morte do ex-presidente Augusto Pinochet, de 91 anos, em mais uma demonstração da profunda divisão que a figura do general causa no Chile.

O ex-ditador morreu às 14h15 deste domingo (10), depois de sofrer uma descompensação que obrigou os médicos a levá-lo novamente para a unidade de cuidados intensivos do Hospital Militar. Pinochet foi internado de emergência na madrugada de ontem, com infarto agudo do miocárdio e edema pulmonar. As informações são da BBC Brasil.


Familiares das vítimas do regime Pinochet (1973-1990) e integrantes do Partido Comunista acenderam fogueiras, tomaram champanhe nas ruas, banharam-se com a bebida e improvisaram um carnaval, erguendo faixas e bandeiras.


Em diferentes pontos da capital, entretanto, houve distúrbios e choques com a polícia, que usou canhões de água e bombas de gás lacrimogênio para dispersar a multidão.


Em outros pontos da cidade, entre eles em frente ao hospital Militar, onde Pinochet morreu na tarde de domingo (10), seus seguidores estavam aos prantos.


Lá, os gritos eram de "Pinochet, Pinochet". Cartazes mostravam o rosto do ex-general, mais jovem, e frases como "herói nacional".


Diante da polarização nas ruas, o governo e a Igreja Católica pediram "calma" ao país.


O corpo do ex-ditador foi transferido durante a madrugada para a Escola Militar de Santiago, onde será velado até a manhã de terça-feira (12).


Segundo a imprensa chilena, o corpo será cremado a pedido da família.


País dividido


As reações – contra e a favor - mostraram, uma vez mais, como o Chile continua um país dividido.


De um lado estão os simpatizantes, do outro, os avessos ao ex-comandante do Exército que chegou ao poder após liderar um sangrento golpe, no dia 11 de setembro de 1973, contra o então presidente socialista Salvador Allende.


Diferentes pesquisas de opinião divulgadas na última semana, logo após a internação, confirmaram a divisão chilena: entre 51% e 55% rejeitavam que o Estado realizasse um enterro com honras militares para o ex-ditador.


Pouco após a morte, a Fundação Presidente Augusto Pinochet divulgou uma nota afirmando que o Chile perdia "um de seus filhos mais notáveis", um homem que "salvou o país da ruína" e foi o "arquiteto do novo Chile".


Na mesma linha, o partido União Democrática Independente (UDI, que apóia o ex-general) criticava, também num comunicado, que o governo da presidente socialista Michelle Bachelet não tenha decidido render homenagens oficiais.


Morte sem condenação


Longe dali, a deputada Isabel Allende, filha do ex-presidente Salvador Allende, lamentava que o ex-ditador morreu sem ter sido condenado.


"As investigações contra ele não devem ser arquivadas para o bem e a dignidade de todos nós chilenos", disse.


Quando perguntada por jornalistas da TV Chile sobre o que muda no país depois da morte do homem que passou 16 anos no poder, ela respondeu: "Não muda nada com a morte de Pinochet. Desde antes dela, já tínhamos a consciência de que não queremos mais golpes de Estado e mais injustiças".

Pinochet passou os últimos anos de sua vida morando na Capital chilena e enfrentando acusações de abusos aos direitos humanos e fraudes cometidos durante os 17 anos em que esteve no poder. Sob seu regime, mais de 3 mil pessoas foram mortas por sua polícia secreta.


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