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Ministério reafirma posição contra transgênicos

08 out 2003 às 18:16

O secretário de Políticas para o Desenvolvimento do Ministério do Meio Ambiente, Gilney Viana, reafirmou na tarde desta quarta-feira (08) que a posição da ministra Marina Silva e sua equipe é contrária ao transgênico. "Nós temos receio de que a cultura de transgênicos altere o meio ambiente e a saúde das pessoas", afirmou.

Sobre a medida provisória que autorizou o plantio da soja transgênica na safra desse ano, Viana declarou que o Ministério do Meio Ambiente "foi vencido numa emergência e numa situação temporária". Na semana passada, lideranças dos Movimentos Camponeses da Via Campesina, acampados em Brasília, aplicaram um questionário sobre a segurança dos produtos transgênicos a Clayton Campanhola, presidente da Embrapa.


E, entre as respostas, a afirmação que a soja transgênica oferece risco à saúde. "A Inglaterra rejeita os transgênicos como o Paraná rejeita agora porque o exame dos insetos das plantações com transgenia demonstrou profundas mutações nesses animais", declarou Requião.


Outro argumento defendido pelo governador é o fato de a soja transgênica ser dominante, o que significa a possibilidade de insetos e aves distribuírem o pólen do grão a outras culturas. "Dessa forma, dentro de muito pouco tempo, teríamos a universalização da nossa produção", explicou.


Segundo o secretário do Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida, "a natureza levou 3,5 bilhões de anos para chegar ao equilíbrio que nós conhecemos e 10 ou 15 anos de teste de transgênicos não significam nada. É uma irresponsabilidade afirmarmos que os transgênicos não oferecem nenhum tipo de problema para o ser humano e para o meio ambiente".


Campanhola também esclareceu que a Embrapa não tem tecnologia e patente próprias de genes para ser utilizado em soja transgênica e que a tecnologia é toda da Monsanto. Além disso, o presidente da Empresa afirmou que é a favor da precaução na liberação comercial de alimentos transgênicos. "Temos que lembrar que a Monsanto introduziu por contrabando a semente transgênica no Rio Grande do Sul. Uma ação sórdida e solerte", classificou o governador.


Aceitação - O governador ressaltou que a soja convencional tem aceitação universal, enquanto a transgênica já tem rejeição na China, Japão, União Européia, Coréia e em diversos outros países. "Se nós, que somos concorrentes dos Estados Unidos, perdermos essa vantagem do acesso universal aos mercados, criaremos um problema seríssimo para a economia brasileira", alertou.


Além disso, de acordo com Requião, a separação, a classificação e o rastreamento da soja transgênica são impossíveis na prática, já que nos portos a soja é despejada em um silo e a mistura é definitiva. "O Porto de Paranaguá, associado a um grupo de seguradoras nacionais e internacionais, está propondo ao mundo a 'qualidade Paraná', com garantia de ausência de impurezas e da existência de transgenia no produto por nós exportados", anunciou.


Denúncia - A soja transgênica incorpora o gene de uma bactéria que a torna resistente ao herbicida da Monsanto. Então, como a soja convencional não resiste ao veneno, há uma colheita um pouco melhor nas plantações com transgenia, como as americanas.


No entanto, segundo Requião, a produção norte-americana de soja em 2002 foi de 65 milhões de toneladas, enquanto a safra latino-americana colheu 90 milhões de toneladas. Requião lembrou que há alguns anos denunciou, na companhia de outros senadores, a tentativa de pagamento por grupos norte-americanos para que agricultores brasileiros não plantassem a soja.

"Havia a perspectiva de uma produção muito grande e, dessa forma, prejudicaríamos o preço e os mercados dos Estados Unidos. A denúncia paralisou esse processo e nos obrigou a aprofundar o conhecimento sobre os produtos transgênicos ", contou Requião.


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