O adolescente A.D., 14, que fugiu de casa no Rio para se juntar às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), ficou decepcionado ao conhecer as ações do grupo após uma conversa com agentes da PF (Polícia Federal). A informação foi dada hoje, no Rio, pela mãe dele, C.S.P. "Ele me disse: mãe, que decepção. Pensei que fossem revolucionários mas são de direita."
C. definiu o filho como idealista e disse acreditar que ele não teve nenhum contato direto com algum guerrilheiro das Farc. Segundo ela, a pesquisa foi feita na internet e na Biblioteca Nacional, onde ele copiou o mapa que o orientou na viagem.
O computador usado pelo adolescente está sendo periciado pela PF. A mãe de A., no entanto, apela para que o governo crie mecanismos para fiscalizar e disciplinar a rede de computadores.
"É inadmissível barrar a internet de um adolescente porque o mundo, tanto escolar como profissional, exige isso. Meu filho fez essa pesquisa em um site usado para pesquisas escolares, e não num [site] pornográfico, portanto, não teria como desconfiar. A internet pode ser um inimigo silencioso dentro de casa." C. informou que A. já tinha feito um trabalho sobre as Farc para a escola, no ano passado.
Com relação ao fato de ter viajado mais de 5.000 km sozinho, o gerente do Projeto SOS Criança, no Rio, Luiz Henrique Oliveira, lembrou que o Estatuto da Criança e do Adolescente é contraditório, pois ao mesmo tempo que impede o menor se hospedar sozinho, permite que adolescentes com mais de 12 anos viajem pelo país sem a autorização dos pais. "Precisamos reavaliar esta questão do estatuto", disse.
A. foi localizado no último sábado e resgatado pela PF em um barco, em Santarém, no divisa do Pará com o Amazonas.
Informações Folha Online