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Manifestações marcam fechamento de televisão

28 mai 2007 às 08:26

Milhares de pessoas participaram de manifestações a favor e contra o fechamento do canal privado de televisão RCTV, no domingo (27), na capital da Venezuela, Caracas.

A emissora, o canal privado mais antigo e popular do país, não teve sua licença renovada e saiu do ar à meia-noite do domingo. Poucos segundos depois, apareceu na tela das televisões o logo da TEVES, uma emissora que tem patrocínio estatal.


O presidente venezuelano, Hugo Chávez, assumiu em um pronunciamento que todas as emissoras do país tiveram que transmitir, a responsabilidade pela decisão.


"Esta estação de TV se tornou uma ameaça ao país, então decidi não renovar a licença porque era a minha responsabilidade", disse ele, segundo a agência de notícias Associated Press.


"Liberdade"


Funcionário da RCTV se abraçaram e gritaram "Liberdade!", antes de baixar a cabeça e oraram em prantos durante os últimos minutos da emissora no ar.


"Vida longa para a Venezuela. Nós vamos voltar em breve", disse um apresentador antes que o hino nacional fosse entoado e a tela indicou o fim das transmissões.


A RCTV ainda poderá ser vista em cabo, mas ter perdido a freqüência para transmissão pública vai privar a empresa da maior parte de sua audiência.


Ocupação


Manifestantes pró-Chávez se reuniram em frente ao Ministério das Comunicações para celebrar o evento.


"Concordo com o que está acontecendo", disse uma mulher à BBC. "Temos que apoiar nosso presidente. Eles foram longe demais e não o respeitaram. Foi demais."


Na frente da emissora, manifestantes contrários à decisão disseram que Chávez está cerceando suas liberdades individuais.


O Diretor-Geral da RCTV, Marcel Granier, disse no domingo que a decisão de Chávez seria ilegal.


"Não perdemos a esperança de que antes da meia-noite o presidente aja sensatamente… ele ainda tem a oportunidade de corrigir este comportamento abusivo, arbitrário e ilegal", disse ele.


A polícia chegou a usar canhões de água, gás lacrimogêneo e disparar balas de borracha para dispersar alguns manifestantes que atiravam pedras contra os policiais.


Em várias partes de Caracas, partidários de Chávez comemoraram com fogos de artifício o fechamento da emissora, a única que se alinha à oposição e tem alcance nacional.


Polêmica


A RCTV está no ar há 53 anos e é o canal privado mais antigo e de maior audiência da Venezuela.


Desde seu anúncio, a decisão do presidente tem provocado polêmica e muitos protestos.


Na quinta-feira (24), Chávez ridicularizou as críticas feitas pela União Européia e pelo Senado americano contra a medida.


Na sexta-feira (25), o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela determinou que equipamentos e infra-estrutura da emissora RCTV sejam colocados à disposição da Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel).


A Conatel poderá, de acordo com a Justiça, conceder o uso do equipamento para outro operador. Esse operador deverá ser a Televisora Venezolana Social (TEVES), recentemente criada pelo governo de Hugo Chávez para ocupar a freqüência atualmente utilizada pela RCTV com uma programação classificada como de "serviço público".


Com essa decisão judicial, a TEVES poderá cobrir grande parte do território venezuelano desde suas primeiras horas de transmissão.


A TEVES lançou programas que Chávez disse que refletiriam melhor a sociedade venezuelana, inclusive um filme sobre o herói da independência Simon Bolívar.


O governo entrou com recursos da ordem de US$ 4 milhões para o lançamento da nova emissora.


A oposição venezuelana disse que a decisão judicial de sexta-feira representa a expropriação dos equipamentos de transmissão de um canal privado de televisão.

Fonte: BBC Brasil


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