O salvo-conduto que vai permitir ao presidente deposto do Equador, Lucio Gutiérrez, deixar o país e se exilar no Brasil ainda não foi concecido pelas autoridades equatorianas. Segundo diplomatas brasileiros, as manifestações populares em frente à embaixada do País, em Quito, estão adiando a definição.
O clima é cada vez mais tenso na embaixada do Brasil no Equador, desde que o governo brasileiro concedeu asilo político ao presidente deposto pelo Parlamento na última quarta-feira (20).
Na noite desta sexta-feira (22) os manifestantes que protestam em frente à residência do embaixador do Brasil em Quito, Sérgio Florencio Sobrinho, impediram que o diplomata pudesse sair de sua casa, na qual está refugiadoGutiérrez.
Sobrinho tentou sair de sua residência oficial em um veículo 4x4 com seu motorista, segundo se pôde observar. Os manifestantes cercaram o carro quando este saiu na Avenida 12 de Octubre e obrigaram o motorista a voltar para a casa, apesar dos esforços da polícia que protege a residência diplomática para separá-los e facilitar a saída do embaixador.
Desde dezembro o Equador vive uma crise política e administrativa por conta de medidas tomadas pelo presidente deposto. Gutiérrez se tornou muito impopular depois de ter reestruturado a Suprema Corte, em dezembro de 2004.
Depois da reestruturação, a Corte invalidou julgamentos contra o ex-presidente Abdallah Bucaram, acusado de corrupção. Segundo uma pesquisa realizada no fim de semana passado, 80% dos equatorianos desejavam a renúncia de Gutiérrez.
As manifestações exigindo seu afastamento eram cada vez maiores, principalmente em Quito. A gota d'água que provocou sua queda foi a repressão violenta de um protesto que reuniu entre 30 mil e 50 mil pessoas, em maioria estudantes, na noite de terça-feira: 143 pessoas foram asfixiadas, 54 sofreram contusões e duas morreram (um fotógrafo chileno vítima dos gases lacrimogêneos e uma mulher atropelada por um caminhão).
Com informações do Terra