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Jornalistas são presos e atacados em série no Egito

04 fev 2011 às 12:13

Jornalistas estrangeiros que participam da cobertura da crise no Cairo foram atacados ou presos esta semana. Muitos disseram ter sido detidos por forças de segurança do Egito - Exército ou polícia - para interrogatório. Alguns foram alvo de ataques por multidões em ruas ou hotéis.

Os ataques geraram críticas de EUA, Suécia, Brasil e Grã-Bretanha, entre outros países, que afirmam que o governo do Egito está violando seus compromissos internacionais em relação ao respeito à liberdade de imprensa.


Organizações internacionais como o Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ), a Human Rights Watch, a Transparência Internacional e a Anistia Internacional também criticaram o governo egípcio. Até o momento as autoridades egípcias não responderam às críticas.


O CPJ acusou o presidente Mubarak de ser "pessoalmente responsável" pelos ataques. Entre quarta e quinta-feira, o comitê reportou 30 prisões, 26 ataques e oito apreensões de equipamento de jornalistas.


O repórter do serviço árabe da BBC Assad Sawey foi sido preso e espancado por policiais à paisana no Cairo.


"Eles levaram minha câmera, e, quando me prenderam, começaram a me bater com barras de ferro como as usadas para abater animais", disse ele.


A BBC condenou o ataque, afirmando que foi uma ação deliberada da polícia.


Jornalistas do canal russo de TV Zvezda (Star) também foram presos na capital egípcia. Após a libertação, já em Moscou, o correspondente Aligirdas Mikoulskis e o câmera Arkady Nazarenko disseram que foram detidos quando estavam prestes a transmitir material filmado na Praça Tahrir.


"Fomos parados em um posto de controle, retiraram nossos documentos, equipamento, celulares e fomos levados a um prédio. Inicalmente, eles não nos ameaçaram", disse Mikoulskis ao serviço russo da BBC.


"Mas depois eles amarraram nossos pulsos atrás das costas com algemas plásticas, e nos puseram vendas. Nos puseram em um carro e nos levaram a algum lugar. Enquanto estávamos no carro fomos obrigados a manter a cabeça baixa, entre os joelhos, o tempo todo. Ouviamos repetidamente a frase: 'vamos atirar quando quisermos!'. Não sei o quão real a ameaça era, mas a frase foi dita repetidamente.", contou Mikoulskis.


A BBC Brasil relatou que os jornalistas Corban Costa e Gilvan Rocha, da Rádio Nacional e da TV Brasil, foram presos na terça-feira em uma delegacia de polícia, e mantidos em uma sala sem janelas. Eles passaram a noite sem água, e foram libertados na manhã seguinte. O governo brasileiro emitiu nota condenando a ação.


O jornalista brasileiro Luiz Antonio de Araújo, do jornal Zero Hora, disse á BBC Brasil que foi atacado por um grupo de cerca de 50 pessoas em uma área onde se reuniam partidários de Mubarak. Araújo disse que apesar da presença do Exército, ele não recebeu ajuda. Ele teve a câmera e a carteira roubadas.


Ferido a facadas


CBB-IBN, um dos maiores canais de língua inglesa da Índia, afirmou que o jornalista Rajesh Bhardwaj foi preso duas vezes. Na segunda vez, ele foi detido por mais de quatro horas para interrogatório pelo Exército egípcio. Ele disse que exigiu falar com o embaixador indiano, mas teve o pedido negado. Ele contou ainda que suas fitas e carteira de identidade foram queimadas.


O repórter da BBC Rubert Wingfield-Hayes foi preso enquanto visitava um bairro rico do Cairo. Ele acredita ter sido preso por membros da polícia secreta, que o libertaram depois.


A Al-Jazeera, por sua vez, contou que três de seus repórteres que foram presos já foram libertados. Um repórter da TV Al-Arabyia, baseada em Dubai, disse ter sido atacada por partidários de Mubarak, que levaram o equipamento de seu cinegrafista, e tentaram agredi-la.


A mídia holandesa afirmou que a embaixada do país retirou cinco jornalistas holandeses de um hotel do Cairo. De acordo com o governo da Holanda, jornalistas das agências GPD e Eeen Vandaag e do programa de TV Brandpunt foram ameaçados em seu hotel por partidários de Mubarak.


A rede de TV sueca SVT afirmou que um de seus repórteres foi hospitalizado com várias facadas. O jornal sueco Aftonbladet disse que dois de seus repórteres foram presos pelo Exército egípcio, acusados de espionar para o serviço secreto de Israel.


Sete jornalistas franceses foram detidos por poucas horas na quarta-feira. Todos já foram libertados. Três jornalistas da televisão TF1 tiveram os olhos vendados e foram levados a um local desconhecido para um interrogatório que durou 15 horas, no Cairo.


Outros quatro jornalistas - três do canal de TV France 24 e um do jornal Le Figaro - passaram um dia presos.


Dois jornalistas do canal americano Fox News disseram ter sido espancados por uma multidão perto da Praça Tahrir na quarta-feira. O repórter da CNN Anderson Cooper disse que sua equipe também foi atacada por uma multidão. Na quinta-feira, dois jornalistas do jornal americano Washington Post foram detidos.

Até agora as autoridades egípcias não responderam às denúncias, mas a TV estatal do egito vem exibindo reportagens afirmando que jornalistas estrangeiros seriam "agentes de Israel".


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