Com a última edição do jornal britânico News of the World nas mãos, Rupert Murdoch chegou aos escritórios de sua divisão editorial em Londres neste domingo para enfrentar o crescente escândalo de escuta telefônica que levou ao fechamento do jornal. A cobertura televisiva mostrou imagens do CEO da News Corp. sendo levado até os escritórios londrinos da News International. O empresário de 80 anos estava sentado no assento de passageiro de um Range Rover vermelho com uma cópia da última edição do mais vendido tabloide de domingo em suas mãos.
Os britânicos também estão comprando o último número do News of the World depois que o jornal de 168 anos foi derrubado pelo escândalo dos grampos telefônicos.
A edição de número 8.674 pede desculpas por desapontar os leitores. "Nós enaltecemos padrões elevados, nós pedimos por padrões elevados mas, como agora tomamos conhecimento, por um período de alguns anos até 2006, algumas pessoas que trabalharam para nós, ou em nosso nome, não atingiram esses padrões", afirma um editorial de página inteira. "Simplesmente, nós perdemos nosso foco. Telefones foram grampeados, e por isso este jornal está profundamente arrependido"
Alegações de que os jornalistas do News of the World pagaram a polícia por informações e grampearam o correio de voz de vítimas de assassinatos e das famílias enlutadas de soldados mortos levaram a Ness International de Murdoch a fechar o tabloide. Os desdobramentos se tornaram na sensação da indústria da mídia britânica entre preocupações de que as investigações policiais não parem com o News of the World e encontre novas histórias sobre o relacionamento entre os políticos britânicos e a imprensa sensacionalista.
Murdoch, que é considerado o rei da mídia britânica, está enfrentando críticas não apenas por novas alegações de impropriedade mas pela decisão de fechar o jornal e demitir 200 jornalistas. Encerrar as atividades do News of the World, que foi lançado em primeiro de outubro de 1843, está sendo visto como uma tentativa desesperada do conglomerado de mídia para conter críticas negativas e desta forma salvar o negócio de US$ 19 bilhões para adquirir a transmissora por satélite British Sky Broadcasting.
O governo britânico sinalizou que o negócio será atrasado por conta da crise, e o escândalo continua a levantar novas questões sobre corrupção no jornal e regulação da mídia no Reino Unido. A crise chegou até aos altos níveis do governo, com o ex-chefe de comunicação do primeiro ministro David Cameron, o jornalista Andy Coulson, sendo um dos três homens presos esta semana como parte da investigação da polícia sobre os grampos telefônicos e alegações de corrupção. Coulson é um ex-editor do News of the World.
Cameron pediu por um novo sistema de regulação para a mídia e também uma investigação pública sobre o que foi feito de forma errada; o chefe das operações dos jornais de Murdock no Reino Unido sinalizou que ainda mais revelações podem acontecer.