O primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, prometeu punir os responsáveis por maus-tratos a crianças com necessidades especiais de um orfanato administrado pelo governo iraquiano em Bagdá.
A declaração foi feita após soldados americanos terem encontrado 24 meninos órfãos, alguns nus e com sinais de tortura, no último dia 10, durante uma patrulha de rotina no bairro de Fajr.
O governo iraquiano também prometeu realizar inspeções nos outros orfanatos e centros de atendimento a crianças na capital iraquiana.
As imagens chocantes dos órfãos, veiculadas pela emissora de televisão americana CBS, mostram meninos com necessidades especiais entre 3 e 15 anos de idade deitados no chão de concreto do orfanato, em uma sala escura e sem janelas, alguns dormindo em cima dos próprios excrementos.
"Eles (os soldados) viram vários corpos deitados no chão do local. Acharam que eles estavam todos mortos, então jogaram uma bola de basquete para chamar atenção e uma das crianças levantou a cabeça, apenas olhou e voltou a abaixá-la", disse o sargento Mitchell Gibson à CBS.
Comida e roupas
De acordo com um comunicado divulgado nesta quarta-feira pelo Exército americano no Iraque, em maio os meninos foram retirados de um orfanato misto em Atafiyah, também em Bagdá, para separá-los das meninas, segundo funcionários do local.
Os soldados que encontraram os meninos disseram que eles vinham sendo mantidos nestas condições há mais de um mês.
Todos estavam extremamente magros, e muitos estavam muito fracos para ficar de pé após terem sido desamarrados das camas às quais estavam presos.
"Eu vi crianças nas quais você podia ver literalmente cada osso do corpo, de tão magras que estavam. Elas não tinham energia para se mexer, não tinham expressão no rosto", afirmou o sargento Michael Beale.
Os militares também encontraram três pessoas cozinhando comida para elas próprias, mas não para os meninos.
Também foram vistas prateleiras cheias de comida, e na dispensa foram encontradas pilhas de roupas novas embrulhadas em sacos plásticos.
Os soldados afirmaram suspeitar que os itens estavam sendo guardados para ser vendidos no mercado negro.
Revolta
"Eu fiquei extremamente revoltado com o responsável pelo orfanato quando cheguei à sala dele", contou o capitão Benjamin Morales ao entrar em uma sala bem-cuidada, que contrastava com as outras salas do prédio.
"Precisei controlar cada músculo do meu corpo para me segurar e não ir atrás desse homem."
Segundo o Exército americano, três mulheres, o diretor do orfanato e um segurança estavam no local quando os soldados encontraram os meninos.
O diretor do local e outras duas mulheres que trabalhavam no orfanato desapareceram, mas dois seguranças foram detidos por ordem do primeiro-ministro Al-Maliki.
De acordo com o comunicado do Exército americano, os meninos foram levados de volta ao orfanato de Atafiyah e dez funcionários extras foram contratados para cuidar deles.