Nesta segunda-feira, Dia Nacional de Combate ao Fumo, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) pretende reforçar a atenção ao problema do tabagismo passivo. O instituto anunciou que divulgará, no dia, dados inéditos de um estudo da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) sobre os níveis de nicotina no ar em ambientes públicos de sete cidades da América Latina, uma delas o Rio de Janeiro (RJ).
A técnica da Divisão de Controle do Tabagismo do Inca Vera Colombo explica que o tema foi escolhido devido à cobrança da população para que a Lei nº 9294/1996, que proíbe o consumo do tabaco em locais fechados, seja realmente cumprida.
De acordo com Colombo, as pessoas que ficam em locais fechados por muito tempo em contato com fumantes têm um aumento nas chances de contrair doenças relacionadas ao tabaco. A cada oito horas, em um local fechado, é como se o fumante passivo tivesse fumado de quatro a dez cigarros.
"Há um risco aumentado em 24% para desenvolver infarto do miocárdio, se ele for comparado com uma pessoa que não se expõe à fumaça, e um risco aumentado de 30% de desenvolver câncer do pulmão com um que não se expõe", alerta Vera Colombo. "A capacidade respiratória das pessoas fica diminuída, existe até 50% a mais de risco para crianças desenvolverem diferentes riscos de infecção respiratória."
Entre os dados que serão divulgados, ela aponta a constatação de que adolescentes do sexo feminino, entre 13 e 15 anos, têm experimentado mais o cigarro do que os homens. "O sexo feminino não tinha, até um tempo atrás, esse contingente tão grande (de fumantes). Percebemos que hoje as meninas têm uma dimensão a respeito do tabaco como alguma coisa em termos de estilo de vida, não como um problema".
De acordo com ela, foram 12 cidades estudadas, entre Curitiba (PR), Vitória (ES) e Campo Grande (MS), que apresentaram quase uma equiparação do uso do tabaco dessa faixa etária em relação às mulheres de 15 a 24 anos.
Desde 1999, 192 países concordaram em por em prática a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, uma iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) para diminuir o número de tabagistas no mundo. A técnica do Inca explica a necessidade de se efetivar a convenção no Brasil.
"A convenção-quadro vem prevendo e buscando formas de estar protegendo a população, diminuindo o consumo, a prevalência, possibilitando também para o próprio agricultor de ter alternativas para o plantio", disse. Segundo Vera Colombo, a convenção precisa ser aprovada pelo Senado Federal, que tem até 7 de novembro para dar o resultado.