O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, confirmou neste domingo (4) que a lesão removida em cirurgia na semana passada em Cuba era maligna e um reaparecimento do câncer diagnosticado no ano passado. O líder de esquerda, de 57 anos, afirmou que passará por radioterapia nas próximas semanas, mas garantiu que seus órgãos não foram afetados pelo câncer, o qual até o momento se recusou a identificar.
"Não me surpreendi. (Os testes) confirmaram o que já se imaginava", afirmou Chávez em mensagem de quase 90 minutos gravada em rede de televisão cubana. Quando anunciou a descoberta do tumor, Chávez já havia dito que muito provavelmente seria maligno. Com voz firme e semblante tranquilo, Chávez apareceu desta vez acompanhado de vários de seus ministros e de seu irmão mais velho, Adán Chávez.
O presidente venezuelano assegurou que sua recuperação "é franca, progressiva, rápida". A mensagem para a nação, gravada ontem, teve o intuito de esclarecer sobre sua situação médica e conter rumores sobre uma suposta complicação de saúde. Ele comentou que, para calar os especuladores, decidiu mostrar uma cópia da edição de ontem do diário oficial cubano Granma, assim como um exemplar do diário estatal venezuelano Correo del Orinoco.
Chávez viajou no dia 24 de fevereiro para Havana, capital de Cuba, com o objetivo de remover uma lesão de dois centímetros que apareceu no mesmo lugar em que surgiu um tumor canceroso extraído há oito meses. Entre julho e setembro de 2011, ele passou por quatro fases de quimioterapia em Havana e Caracas. Em outubro, o governo anunciou que Chávez estava curado.
O presidente não afirmou no vídeo quando retornará a Caracas. O mistério de Chávez sobre sua real condição de saúde abalou o país alguns meses antes da eleição presidencial, que ocorre em outubro. Após 13 anos no poder, o socialista é considerado um governante centralizador. Mas analistas disseram que Chávez enfrenta seu maior desafio eleitoral, já que o país ainda apresenta uma das mais altas taxas de inflação do mundo, elevada criminalidade e frequente carência de energia e de produtos básicos.
Legisladores da oposição têm pedido a Chávez que passe o governo temporariamente para o vice-presidente Elias Jaua, mas analistas dizem que o vice, como muitos outros políticos próximos a Chávez, não tem o mesmo carisma que mantém forte o governo junto à população mais pobre.
Em entrevista realizada na televisão estatal neste domingo, Jaua rejeitou a especulação de que a disputa pelo poder possa ocorrer entre facções do partido de situação, o PSUV, se Chávez tivesse de deixar o cargo. "Nenhum de nós aspira suceder Chávez. Neste momento, o ''chavismo'' está unido em torno de um líder", comentou. As informações são da Dow Jones e da Associated Press.