A falta de informação sobre as hepatites virais para a população, em especial a Hepatite C, é hoje uma das grandes preocupações dos infectologistas. Na maioria das vezes a doença não apresenta sintomas e pode não se manifestar por até 20 anos. Isso faz com que a população desavisada não procure ajuda médica especializada. A enorme quantidade de indivíduos infectados ainda não é totalmente conhecida. De acordo com dados do Ministério da Saúde, os números estão em torno de 3 milhões de brasileiros, ou seja, cerca de 1,5% da população está infectada com a hepatite C. O alerta é de João Silva de Mendonça, médico e presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, através da Máquina da Notícia.
Para tentar minimizar os estragos da doença é essencial o diagnóstico precoce e um bom acompanhamento médico. O mais importante, no entanto, é levar a informação para o paciente procurar ajuda de um especialista. "Não podemos focar em um só grupo de risco, já que todas as pessoas que receberam sangue antes de 1992 têm grandes riscos de estarem infectadas", observa Mendonça.
No Brasil, antes dessa data, o material destinado às transfusões não era analisado para a detecção da doença. O vírus é transmitido pelo contato com sangue contaminado. Atualmente, as formas mais comuns de contágio são o uso de drogas com agulhas e seringas compartilhadas e manipulação com material contaminado que corte ou fure a pele, como lâminas, bisturis, alicates e agulhas. Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 170 milhões de pessoas no mundo estão infectados com a Hepatite C.
"Hoje, nós da Sociedade Brasileira de Infectologia temos como meta levar informação sobre esta doença, que é a principal causa de transplante de fígado do país para a população". Por falta de conhecimento do assunto e por ser uma doença silenciosa, os pacientes só descobrem que estão infectados em um estágio já muito avançado. Sem dar sinais, evolui para quadros graves, como cirrose ou câncer, sem que o individuo perceba o risco que ela representa para sua saúde.