O povo haitiano não quer a renovação da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah), afirmam alguns dos 10 habitantes da ilha caribenha que viajaram até a África para participar do 7º Fórum Social Mundial.
"Isso é apenas uma nova forma de colonização do país", diz Nixon Bornta, estudante de sociologia e militante do Movimento Democrático Popular (Modep). As informações são da Agência Brasil.
Em entrevista à Agência Brasil, o comandante militar da Minustah, o general gaúcho Carlos Alberto dos Santos Cruz afirmou que o governo brasileiro vai defender a permanência das tropas, cuja missão termina neste ano.
"Apesar da simpatia do povo haitiano pelo povo brasileiro, a missão é custosa e inútil", critica Camille Chalmers, pastor protestante que milita na Plataforma Haitiana pelo Desenvolvimento (Papda, pela sigla em francês).
"A presença de militares não resolve nosso problema, que não é de segurança, mas de alimentação, pobreza e falta de tecnologia", afirma. E sugere: "Em vez de mandar seus soldados, o governo brasileiro deveria enviar alfabetizadores e técnicos da área de biodiesel. Queremos aprender com o Brasil as ótimas experiências recentes que o país vem vivendo, como o Bolsa Famlia. Isso é o que resolve nossos problemas".
Chalmers elogia o modelo de cooperação de seu país com Cuba. E convida o Brasil a seguir o exemplo. "O governo cubano nos enviou médicos para tratamento de epidemias e medicina preventiva", conta.
O militante considera que não existem motivos, atualmente, para uma força de segurança externa no Haiti. "O que está acontecendo são manifestações políticas normais de um país democrático e casos de violência que ocorrem em qualquer nação empobrecida", diz.
Para Chalmers, a força militar brasileira não faz uma repressão contínua sobre o povo haitiano. Mas há casos de denúncia, segundo ele, de abusos pontuais. E cita "o caso da noite de 22 de dezembro, quando as forças brasileiras entraram em uma favela e fuzilaram 14 pessoas, entre elas, uma criança de 6 anos".