A Grécia realiza neste domingo (17) eleição parlamentar que muitos analistas consideram um referendo sobre a permanência do país na zona do euro. Há poucos indicações sobre os favoritos no pleito, já que as pesquisas oficiais de opinião foram proibidas nas últimas duas semanas. Levantamentos não oficiais não indicam vitória clara de nenhum dos partidos.
A votação começou às 7h (horário local, 1h em Brasília) e seguirá até as 16h (10h em Brasília). Pesquisas de boca-de-urna serão divulgadas logo após o encerramento da votação, e os primeiros resultados da apuração, três horas depois.
Dois assuntos que estão interligados dominaram a campanha política no último mês: os pacotes de ajuda financeira recebidos pela Grécia nos últimos dois anos e a permanência do país na zona do euro, a moeda europeia. O país recebeu ajuda internacional de 110 bilhões de euros, em 2010, e de 130 bilhões de euros no ano passado. O dinheiro foi usado para pagamento das dívidas do país, mas grande parte da população está descontente com as condições do acordo, que exige medidas duras de redução de gastos públicos.
Apenas um dos partidos na eleição se compromete a manter os compromissos que foram firmados com autoridades financeiras internacionais e com a União Europeia. Os demais partidos prometem várias medidas de rompimento, como o fim imediato da austeridade.
Para os líderes europeus, caso os gregos rejeitem o acordo que possibilitou os dois pacotes de resgate, a Grécia provavelmente terá de deixar a zona do euro, e voltar a adotar sua moeda antiga, o dracma.
Na véspera da votação, a chanceler alemã, Angela Merkel, fez um apelo à população grega para que mantenha seu compromisso com a austeridade fiscal. "É extremamente importante que as eleições na Grécia levem a um resultado no qual aqueles que formarão o governo digam: 'Sim, nós queremos manter os nossos compromissos.'"
O diretor da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurria, disse que o novo governo grego deveria ter uma chance de renegociar pelo menos parte do acordo de resgate. "Se esta é a condição para que a Grécia fique [na zona do euro] e siga em diante, eu diria que é provavelmente algo que deveria ser tentado."
Para os dois políticos que eram considerados favoritos até a suspensão da divulgação de pesquisas de opinião, o pleito de hoje é sinal de uma nova era para a Grécia. "Hoje o povo grego fala. Amanhã uma nova era começa para a Grécia", afirmou o líder do partido Nova Democracia, Antonis Samaras, ao votar. O economista e ex-ministro das Relações Exteriores nos anos 1990, foi contra o primeiro pacote de resgate, mas mudou de opinião com o segundo acordo.
O líder do partido Syriza, Alexis Tsipiras, disse que, depois de passar pelo medo, os gregos abrem hoje o "caminho para a esperança". O Syriza, de esquerda, defende o fim imediato das medidas de austeridade, mas defende a permanencia da Grécia na zona do euro.