O Greenpeace realizou nesta terça-feira (21) um protesto pacífico em frente à sede da Bayer CropScience, em São Paulo. Cerca de 30 ativistas da organização ambientalista isolaram simbolicamente a sede da empresa com uma fita que dizia "área contaminada", simularam uma plantação de milho no jardim e colaram uma faixa no prédio com os dizeres "Milho transgênico: no nosso prato não!".
A atividade teve como objetivo pressionar a empresa para que retire da CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) o pedido de liberação comercial de seu milho transgênico Liberty Link. O processo de liberação dessa variedade geneticamente modificada está na pauta da reunião da CTNBio, que começa nesta quarta-feira (21) em Brasília.
O milho transgênico Liberty Link recebeu um gene artificial de bactéria para ser resistente ao agrotóxico glufosinato de amônio – também fabricado pela Bayer e conhecido comercialmente pelo nome Basta. No início de novembro, o Greenpeace enviou documentos à CTNBio sobre os possíveis impactos do milho Liberty Link para a saúde e o meio ambiente.
Os documentos mostram que a quantidade de resíduo de agrotóxico no milho transgênico é muito maior do que a registrada no milho convencional, o que pode trazer sérios riscos para a saúde humana, como náuseas, diarréias, nascimento de fetos prematuros e até aborto.
Além disso, os relatórios enviados apontam para o risco de aparecimento de ervas daninhas resistentes ao agrotóxico e para a possibilidade de contaminação de lavouras convencionais e orgânicas por milho transgênico.
O milho transgênico da Bayer foi proibido na Áustria em 1999 e não é plantado comercialmente em nenhum país da União Européia. A própria empresa retirou seu pedido de liberação em diversos países – como a Inglaterra – alegando que seria economicamente inviável produzir esse milho seguindo todas as medidas de segurança necessárias para evitar a contaminação de plantações vizinhas.
"A Bayer não pode usar o Brasil como campo de testes e os brasileiros como cobaias. Este milho transgênico não pode ser liberado até que exista uma certeza sobre a sua segurança", disse Gabriela Vuolo, coordenadora da campanha de engenharia genética do Greenpeace. "Se a empresa for irresponsável e mantiver seu pedido de liberação comercial, caberá à CTNBio e ao governo proteger os brasileiros". O Greenpeace exige que a Bayer siga o Princípio da Precaução e não coloque em jogo a saúde da população, a segurança de nosso meio ambiente e a agricultura familiar.
Desde o último dia 8, o Greenpeace disponibilizou um protesto virtual contra o milho transgênico. Cerca de 7 mil pessoas já participaram, pedindo que o milho geneticamente modificado da Bayer não seja aprovado pela CTNBio.
Em nota divulgada à imprensa no final da tarde, a empresa alemã afirma que o herbicida "é um produto utilizado na agricultura há mais de 20 anos sem relato de danos à saúde humana". "Todas as avaliações de risco mostraram que o produto é seguro aos trabalhadores que aplicam o herbicida, aos consumidores e ao ambiente".