A rotina de cidades da região do Entorno do Distrito Federal, como Valparaíso e Novo Gama, em Goiás, não teve grandes mudanças com a chegada da Força Nacional de Segurança, na opinião de líderes comunitários locais.
"A gente não sentiu muito efeito. Vemos os carros [da Força Nacional] rodando por aí, mas não vimos diferença em relação à violência", diz o presidente da Associação de Amigos do Novo Gama, Angelino Alves.
Mesmo assim, o líder comunitário reconhece que apesar da freqüente ocorrência de crimes, principalmente os relacionados ao tráfico de drogas, a situação na cidade já foi pior.
"Tivemos muitos problemas na década de 90. Depois, a polícia militar firmou uma parceria com a comunidade e a situação melhorou".
Alves avalia que a comunidade deveria ter sido ouvida sobre a presença da Força Nacional de Segurança. "Ninguém é contra a Força Nacional, mas sabemos que ela é composta por agentes de várias partes do Brasil que não conhecem a realidade do Entorno", explica o líder, que sugere mais participação popular e trabalho de investigação nas ações policiais.
Quem compartilha dessas opiniões é o presidente do Centro de Cultura Popular São Bernardo de Valparaíso, José Ferreira. "Percebemos que a população vê com bons olhos a presença da Força Nacional. O medo até diminuiu, mas as pessoas continuam receosas porque ainda não notaram o aumento do efetivo policial nas ruas".
Com 20 anos de liderança comunitária, Ferreira espera que as políticas de segurança para o Entorno não sejam resumidas aos seis meses previstos para as ações ostensivas da Força Nacional. "Esperamos que o Estado também dê apoio ao policiamento municipal. A presença da Força Nacional também não deveria ficar só por seis meses. Se eles saírem logo, a situação vai piorar.", conclui.
A trabalhadora autônoma Ednalva Andrade, moradora de Valparaíso há dez anos, espera que com a continuidade das ações a comunidade se sinta mais segura. "Aos poucos tudo está melhorando. Nós precisamos que a Força Nacional esteja presente na cidade por pelo menos um ano", declara.
O efetivo de 140 homens da Força Nacional deve ficar no Entorno do Distrito Federal pelo menos até abril do ano que vem. O centro de operações está sediado no município de Luziânia, em Goiás, localizado a aproximadamente 70 quilômetros de Brasília. O comando da operação prevê para amanhã (29) a divulgação de um balanço completo do resultado das ações de segurança na região.
ABr