Dois anos depois que o eletricista Jean Charles de Menezes foi morto pela polícia britânica, que o confundiu com um terrorista depois dos atentados de julho de 2005 em Londres, seus familiares continuam lutando para que a sua morte não fique impune.
Sob o lema "Justice4Jean" (Justiça para Jean), os parentes do jovem brasileiro realizam nesta segunda-feira, em Londres, manifestações e coletivas de imprensa para reclamar que se faça justiça, no segundo aniversário de sua morte (ocorrida em 22 de julho de 2005).
"É preciso que se faça justiça, o que aconteceu foi um crime", afirmou uma prima de Jean Charles, Patricia Armani da Silva, de 33 anos. "Estamos esperando há dois anos. Quanto tempo mais teremos que esperar?"
"Dois anos depois, nem um único policial envolvido na operação que resultou na morte trágica de Jean foi alvo de uma investigação criminal e, inclusive, alguns foram promovidos", afirmou um membro do grupo de apoio aos familiares de Jean Charles.
"É responsabilidade dela (da ministra do Interior) garantir a confiança do público no processo judicial", disse uma fonte da campanha "Justiça para Jean Charles", lançada há dois anos.
Alex Pereira, que desde morte do primo está engajado num combate para que o caso não seja esquecido, acusou novamente a política britânica de ter cometido um crime.
"Depois da investigação vamos poder provar que a morte de Jean Charles foi um crime. E alguém tem que responder ante à justiça", acrescentou.
Os parentes de Jean Charles, todos, como ele, mineiros que viajaram para a Grã-Bretanha há alguns anos para tentar melhorar sua situação econômica, indicaram que pensam em permanecer neste país até que se conclua o caso.
O processo de Jean Charles está nas mãos dos "Law Lords", o equivalente à Suprema Corte na Grã-Bretanha, que devem decidir se examinarão ou não o expediente.
Sua família havia perdido em dezembro na Alta Corte de Londres sua apelação sobre a decisão do Ministério Público britânico de não processar individualmente nenhum dos 15 policiais envolvidos na morte de Jean Charles, por considerar as provas como "insuficientes".
Enquanto isso, um processo está em andamento contra a Scotland Yard, que é processada por violação das regras sanitárias e de segurança por não ter conseguido assegurar a proteção de Jean Charles. Em setembro, a Polícia alegou inocência.
Na sexta-feira passada imagens do brasileiro fora projetadas na fachada do parlamento britânico, para marcar o segundo aniversário de sua morte.
No domingo foi prestada uma homenagem ao jovem eletricista com um minuto de silêncio diante da estação de metrô de Stockwell, onde foi abatido.
A família e os membros de grupos de defesa dos Direitos Humanos se reuniram diante de uma espécie de altar improvisado na estação pouco depois da morte de Jean.
As informações são da AFP.