O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira, durante lançamento do Plano Nacional de Turismo, que o Brasil só conseguirá melhorar sua situação no ranking mundial do setor se resolver os problemas da falta de segurança, saneamento básico e infra-estrutura de estradas e aeroportos. A meta do plano é aumentar de 3,8 mihões para 9 milhões o número de turistas estrangeiros que visitam o Brasil anualmente, proporcionando US$ 8 bilhões em divisas. ''Sem garantir segurança, por exemplo, todo mundo sabe que fica mais difícil atrair turistas para nossas cidades'', disse o presidente.
A Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) estima que a iniciativa privada deverá investir R$ 15 bilhões no setor até 2007. Investimentos estrangeiros podem chegar a R$ 3 bilhões, segundo o ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia. O governo calcula que, em quatro anos, deverá repassar R$ 4 bilhões para projetos de infra-estrutura, que beneficiarão as atividades turísticas.
Em um discurso de defesa da história e das belezas naturais brasileiras, Lula disse que o mundo tem informações ''deformadas'' sobre o País. O Brasil, na avaliação do presidente, não se limita ao futebol, às favelas e ao problema da violência. Ele ressaltou que é preciso investir na recuperação do patrimônio histórico, na melhoria das estradas e nos serviços de atendimento aos estrangeiros.
Lula destacou que, desde 1993, o turismo tornou-se o principal item das balanças comerciais dos países. Segundo ele, de cada nove empregos no mundo, pelo menos um é criado pelo turismo. O Brasil ocupa o 29.º lugar no ranking dos países mais visitados.
Descontraído, o presidente disse que os visitantes de Madri e outras cidades européias poderiam dar um ''pulinho'' no Brasil. ''É tão perto, o Nordeste está apenas a seis horas da Europa.''
O presidente comentou também a instalação de um comitê interministerial, coordenado pelo secretário de Comunicação do governo, Luiz Gushiken, para discutir e adotar política de divulgação da imagem do Brasil no exterior. Lula fez ainda críticas a administrações anteriores: ''Nunca se acreditou no turismo no Brasil porque quem governou este País só imaginou São Paulo, Rio e Brasília e não conhecia o Brasil. E quem não conhece o Brasil não investe em turismo.'' Apesar da crítica, Lula reconheceu o trabalho de governos passados, ao dizer que o Plano de Turismo não é uma semente, mas uma planta. ''Porque não estamos começamos do zero. Muita coisa já foi feita.''
Presente à solenidade, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse que a crise das empresas aéreas é um dos atuais entraves ao desenvolvimento do turismo. Ele afirmou que o governo pode, no futuro, até ajudar financeiramente o setor, mas antes disso as companhias precisam se reorganizar e buscar soluções ''empresariais''. Na avaliação dele, os brasileiros não viajam porque a passagem aérea é cara e as estradas não oferecem condições de segurança.