O XCheck foi inicialmente desenvolvido para avaliar ações contra perfis populares. Em 2020, ao menos 5,8 milhões de usuários integrariam a lista.
O jornal afirma que esse programa, por exemplo, permitiu a Neymar postar fotos íntimas da mulher que o acusou de estupro. Milhões de seguidores puderam ver as fotografias, em que ela aparecia nua, por mais de um dia, antes que fossem deletadas. O jogador nega a acusação, e não foi indiciado. Procurado, um porta-voz de Neymar disse ao jornal que o atleta segue as regras da rede social.
O ex-presidente americano Donald Trump fez parte dessa mesma lista VIP, conta a reportagem, até ter sua conta suspensa da rede. Membros do Congresso americano, do Parlamento Europeu, prefeitos, ativistas e o próprio Mark Zuckerberg, presidente do Facebook, também integram o grupo de privilegiados.
Alguns desses usuários, segundo a reportagem, não seriam passíveis de punições em casos de violações das regras de conduta da rede, como postagens que fazem assédio e incitação à violência.
A mesma ferramenta permitiu que contas incluídas na lista pudessem compartilhar notícias falsas associando a democrata Hillary Clinton, então candidata à presidência dos EUA, em 2016, a redes de pedófilos. Também estão no seleto grupo perfis que disseminaram a ideia de que vacinas contra a Covid matam.
Uma revisão interna do Facebook, realizada em 2019, apontou que havia favorecimento em relação aos usuários dessa lista, e que a prática não seria "defensável publicamente".
"Diferentemente do resto da nossa comunidade, essas pessoas podem violar nossos padrões sem nenhuma consequência", afirmou a rede no documento, de acordo com o Wall Street Journal.
Um porta-voz do Facebook afirmou que críticas ao XCheck são justas, acrescentando que o sistema foi desenvolvido para "criar uma etapa adicional para que possamos aplicar adequadamente regras de conteúdo que poderiam exigir mais compreensão ".
O mesmo interlocutor disse que a companhia está trabalhando para acabar com essa prática e que muitos dos materiais obtidos pelo jornal americano são "informações desatualizadas, costuradas para criar uma narrativa que ignora o ponto mais importante: o próprio Facebook identificou os problemas e tem trabalhado para resolvê-los".
A descoberta contraria o que o fundador e presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, diz publicamente: que todos os usuários estão em igualdade perante as regras de conduta da plataforma.