Radicais islâmicos sunitas intensificaram a ofensiva contra áreas de domínio curdo no norte da Síria na tentativa de expandir o território sobre seu controle, informaram ativistas nesta quinta-feira, no mesmo dia em que o Observatório Sírio-Britânico de Direitos Humanos informou que as mortes nos últimos três anos de conflito no país chegaram a 171 mil, dos quais metade é de civis.
Membros do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) e militantes enfrentam-se há um ano, mas no início de julho, os extremistas sunitas tomaram a dianteira do conflito após trazer grandes quantidades de armas do Iraque, onde o grupo já domina extensas faixas de terra nas regiões oeste e no norte.
Segundo ativistas, os militantes islâmicos invadiram diversas vilas curdas e mataram dezenas de pessoas na região nesta semana. Os conflitos se intensificaram após os militantes declararem o califado islâmico na região que inclui a fronteira do Iraque com a Síria. Eles também capturaram grande quantidade de armas deixadas por soldados iraquianos.
O oficial curdo Nawaf Khalil disse que membros do grupo sunita tentam dominar uma área próxima à fronteira da Turquia. Ele e outros militantes afirmam que os embates estão concentrados na região de Kobani, conhecida como Ain Arab. Para Mustafa Osso, militante curdo baseado na Turquia, o objetivo do grupo extremista islâmico é de dominar toda a região de Kobani. Segundo ele, a resistência à dominação sunita tem partido das Unidades de Proteção do Povo, braço armado da União Democrática do Curdistão.
Segundo declarações do observatório e de Osso, militantes foram queimados mesmo sem serem aparentemente atingidos por armas de fogo, o que fez os médicos suspeitarem sobre o tipo de armas utilizadas nos ataques.
Os curdos são a minoria étnica mais expressiva da Síria, somando mais de 10% da população de 23 milhões de pessoas antes da guerra. Eles são baseados na província de Hassakeh, no nordeste do país, próxima às fronteiras da Turquia e do Iraque.
Ainda nesta quinta-feira, a agência das Organizações das Nações Unidas (ONU) para refugiados anunciou o início de uma operação aérea para enviar itens de emergência para 50 mil pessoas em Hassakeh. O conflito na Síria teve início em março de 2011 e levou cerca de um terço da população de 23 milhões de pessoas, que o país tinha antes da guerra civil, à condição de refugiados.
Segundo Observatório Sírio-britânico, desde meados de maio as mortes subiram de 160 mil para o patamar atual de 171 mil. As baixas incluem 39 mil soldados do governo, 24,6 mil homens pró-governo, 15,4 mil opositores, 2,3 mil desertores do exército e mais de 500 militantes libaneses do Hezbollah, que defendem o presidente sírio Bashar Assad. As outras mortes são de civis.