O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou na noite desta quarta-feira a retirada de 33 mil soldados norte-americanos do Afeganistão até o início do segundo semestre de 2012, apressando o fim do longo conflito cujo custo tem sido superior ao previsto e que foi lançado em resposta aos ataques de 11 de Setembro de 2001.
Em discurso à nação iniciado às 21h de hoje (horário de Brasília), Obama revelou ter ordenado a retirada de 10 mil soldados até o fim deste ano e de mais de 23 mil até setembro de 2012. Isso equivale ao número de militares adicionais que o presidente norte-americano enviou para o Afeganistão no fim de 2009.
"Este é o início, mas não o fim de nossos esforços para terminar essa guerra", declarou Obama. Segundo ele, estão postas as condições para dar início ao processo que levará ao fim do envolvimento militar norte-americano no Afeganistão.
O anúncio da retirada é feito num período no qual a população está cada vez mais contrária à guerra. A redução de tropas será concluída meses da eleição presidencial, na qual Obama é um candidato quase certo pelo Partido Democrata. No entanto, apesar da retirada, cerca de 70 mil soldados permanecerão no Afeganistão.
Os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) esperam o fim das missões de combate e a retomada do controle pelas forças afegãs até o fim de 2014, um período de transição que pode finalmente levar ao final da guerra.
Obama está sob crescente pressão política para diminuir os esforços de guerra, principalmente depois do assassinato de Osama bin Laden. Forças norte-americanas encontraram e mataram o líder da Al-Qaeda no Paquistão em maio, um considerável golpe contra a organização que, apesar disso, ainda é considerada uma ameaça pelos Estados Unidos.
Pelo menos 1.500 membros do Exército norte-americano morreram e 12 mil ficaram feridos desde a invasão dos Estados Unidos no Afeganistão em 2001. O custo financeiro da guerra passou dos US$ 440 bilhões e está em elevação, passando para US$ 120 bilhões por ano, o dobro do total de dois anos atrás.
A decisão de iniciar a retirada das forças em julho representa uma promessa cumprida por Obama. Apesar disso, o escopo e o ritmo da retirada têm sido muito debatidos. Os militares fazem lobby para uma redução mais modesta de tropas em território afegão e Obama prometeu uma diminuição mais modesta, na medida em que o apoio à guerra no país e no Congresso se enfraquece.
A retirada inicial deve acontecer em duas fases: 5 mil soldados devem voltar para casa neste verão (no hemisfério norte) e outros 5 mil até o final do ano, segundo um graduado funcionário da Defesa.
No total, Obama anunciou a retirada de 33 mil militares, exatamente os 30 mil que, em dezembro de 2009, ele anunciou que enviaria para o Afeganistão, mais os 3 mil que ele autorizou o secretário da Defesa, Robert Gates, enviar para apoiar os esforços de guerra.