Ninguém pode duvidar que os Estados Unidos têm um plano de dominação mundial que se expressa nas centenas de bases militares que esse país tem estabelecidas no mundo todo, disse nesta quarta na Cidade do México o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura 1998, José Saramago.
"Que país democrático é esse, que tem bases militares em todo o mundo?", indagou o escritor português em uma coletiva de imprensa horas depois de sua chegada à capital mexicana.
Para contestar a hegemonia dos Estados Unidos, Saramago recomendou ao mundo "despertar uma consciência cidadã ativa, participativa e interventora". O autor está no México para apresentar seu livro mais recente, "O Homem Duplicado" (publicado no Brasil pela Cia. das Letras). Além disso, receberá na sexta-feira (16) o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Autônoma do Estado do México.
José Saramago criou polêmica no mês passado com sua posição sobre Cuba, cujo regime deixou de apoiar em um editorial publicado em abril em um jornal espanhol.
No jornal "El País", Saramago condenou os fuzilamentos de três sequestradores de uma lancha e as sentenças de mais de 20 anos de prisão a dezenas de dissidentes cubanos, dizendo "Paro por aqui".
Por outro lado, o Nobel de literatura se mostrou aberto a "continuar" criticando o Estado de Israel, sem importar-se "de ser chamado de anti-semita", disse.
"Israel tem muito que aprender se não é capaz de compreender por que uma pessoa pode se converter em uma bomba", disse o escritor.
Com relação à sua amizade com o subcomandante Marcos, chefe militar da guerrilha mexicana do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), o autor de "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" pediu que o México "não os abandone".
"Que eles [os indígenas do EZLN] não nos abandonem, e tenho que reiterar mais uma vez: que não os abandonem vocês".