As equipes de resgate no Equador continuam terça-feira (19) a revirar os escombros em busca de sobreviventes, dois dias após o violento tremor de 7,8 graus na escala Richter que abalou o país, deixando, até agora, 413 mortos e 2.068 feridos, segundos os últimos dados do Governo.
Após passar horas a retirando blocos de cimento e pedras, um grupo de bombeiros de Quito, enviado como reforço para a província de Manabi (oeste), a mais atingida, viu seus esforços recompensados.
"Após longas horas de trabalho intenso, três pessoas foram encontradas com vida no meio dos escombros em Tarqui", bairro da cidade de Manta, anunciaram os bombeiros na rede social Twitter.
O ministro da Segurança, César Navas, disse à emissora de televisão Teleamazonas que as buscas por sobreviventes se seguiram no decorrer da noite. "Durante toda a noite continuamos as operações de busca, salvamento e retirada das pessoas que ficaram encurraladas sob os escombros", disse.
Ajuda
A Cruz Vermelha espanhola emitiu um apelo de ajuda e estima entre 70 mil e 100 mil pessoas vão precisar de assistência, das quais entre 3 mil e 5 mil precisam de alojamento "com urgência".
Cerca de 1,2 mil voluntários e funcionários da Cruz Vermelha equatoriana participam das operações de busca e salvamento.
De todo o país, caminhões transportando roupa, produtos de higiene, medicamentos e alimentos para as vítimas dirigiam-se hoje para a costa do Pacífico.
De acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Guillaume Long, reforços e especialistas da Venezuela, Colômbia, Peru, México, Cuba, Bolívia, Chile, Suíça e Espanha já estão no país para ajudar.
Gruas de construção foram igualmente transportadas ontem (18) para as áreas mais afetadas, para ajudar a retirar os materiais dos edifícios e casas que ruíram durante o tremor.
A União Europeia anunciou que vai ativer o mecanismo europeu de Proteção Civil para ajudar o Equador e o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, ofereceu o apoio dos Estados Unidos.
O governo da Noruega anunciou hoje que aprovou verba extraordinária de 15 milhões de coroas (US$ 1,8 milhões) para ajudar os afetados pelo tremor no litoral norte do Equador.
A pedido do governo equatoriano, a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) está finalizando preparativos para enviar ajuda de emergência por transporte aéreo para Quito.
Vítimas
Um cidadão norte-americano e dois canadenses estão entre as vítimas, segundo as autoridades dos respetivos países. Uma missionária irlandesa de 33 anos também morreu, segundo a sua comunidade religiosa.
"O número de mortos vai, seguramente, aumentar e provavelmente de forma considerável", advertiu no domingo (17) à noite o presidente equatoriano, Rafael Correa, que se deslocou à cidade de Manta, destacando que esta "é a pior tragédia dos últimos 67 anos, superada apenas pelo tremor de terra de 1949 em Ambato".
No litoral do país, os sobreviventes procuravam com as mãos os seus familiares desaparecidos sob os escombros e mantinham a esperança de encontrar pessoas com vida.
A cidade de Pedernales, estância balneária turística e epicentro do sismo, parecia um cenário de guerra, com casas em ruínas, hotéis desmoronados e postes de iluminação pública caídos.
"Aqui em Pedernales, foram salvos sobreviventes dos escombros e ainda não perdemos a esperança. Não afastamos a hipótese de encontrar outros", disse o vice-presidente, Jorge Glas.
"As verbas já foram desbloqueadas: US$ 300 milhões para as emergências, US$ 150 milhões para a reconstrução", afirmou o vice-presidente.
Réplicas
Segundo o mais recente relatório do Instituto Equatoriano de Geofísica, "o número de réplicas tende a se reduzir, mas não é possível descartar a possibilidade de novos tremores com magnitude superior a cinco".
Até agora, o instituto registou 230 réplicas, com magnitudes entre 3,5 e 6,1 graus na escala Richter e prevê que elas continuem "por mais alguns dias ou semanas".