Informações da BBC Brasil dão conta de que em Camarões, na Áfica, uma campanha nacional tenta desencorajar o velho costume de usar objetos em brasa para queimar os seios de meninas que chegam à puberdade. As próprias mães usam objetos em brasa para evitar que as filhas iniciem vida sexual.
As estatísticas no país mostram que 26% das adolescentes camaronesas passam pela experiência, já que as mães vêem o hábito como a melhor maneira de adiar o início da vida sexual das filhas.
Muitos homens em Camarões acreditam que as meninas estão prontas para o sexo assim que elas começam a ter formas femininas.
O objeto mais usado para diminuir os seios das adolescentes é um pilão de cozinha feito de madeira, aquecido na brasa. Também são usadas cascas de coco, bananas e pedras, que são forçadas contra o corpo delas.
Sem remorso - Apesar da dor e da humilhação causadas às filhas, muitas mães não sentem nenhum remorso em queimar os seios das moças. "Isso não é uma coisa nova. Estou feliz por ter protegido minha filha. Eu não suportava imaginar garotos a estragando com sexo antes que ela terminasse a escola", explicou uma mulher.
No sudoeste de Camarões, outra mulher disse que queimou os próprios seios quando era menina porque não queria ser forçada a casar cedo, como era costume em sua vila. "Eu queria ir para a escola como as outras garotas que ainda não tinham seios."
O antropólogo Flavien Ndonko diz que queimar os seios das meninas não é um método eficaz de prevenir o sexo já que muitas delas continuam tendo vida sexual e engravidam. Ndonko recomenda que os pais conversem com suas filhas sobre saúde reprodutiva e sexual.
Campanha - Com a ajuda de patrocinadores, um grupo de adolescentes produziu uma campanha de televisão para expor o problema. Um dos anúncios diz: "Comprimir os seios de jovens meninas é muito perigoso para a saúde. (...) Não force os seios a aparecer ou desaparecer - deixe que eles cresçam naturalmente."
As vítimas da violência estão protegidas por lei, desde que façam a denúncia poucos meses depois de terem sido queimadas, de acordo com o advogado Uba Ndefiembu. Se um médico determinar que houve danos às estruturas dos seios, a pessoa responsável pode ser presa por até três anos.