Os chilenos vão às urnas para escolher um novo presidente da República neste domingo e renovar parte de seu Parlamento em um cenário político inédito no país: de um lado, uma direita dividida internamente; de outro, uma coalizão de centro-esquerda cujo favoritismo é impulsionado por uma mulher - e ambos em um intenso cabo-de-guerra pelo voto do eleitorado de centro.
Resta pouca dúvida entre os analistas e o chileno comum de que a socialista Michelle Bachelet, da Concertação governista que está no poder desde 1990, se mantenha na liderança, mas sem a maioria necessária para vencer já no primeiro turno.
Segundo as últimas pesquisas, Bachelet tem 41% das intenções de voto. Apenas o alto índice indecisos pode chegar a ser o fiel da balança, uma possibilidade considerada pouco provável.
A incógnita é quem será seu adversário no segundo turno, marcado para daqui a exatamente um mês - se o empresário moderado Sebastián PiÀera (Renovação Nacional) ou se o representante da direita conservadora, Joaquín Lavín (União Democrática Independente).
Cada um capitalizava, até sábado, 22% e 19% das intenções de votos, respectivamente. A diferença está dentro da margem de erro das pesquisas.
Ao contrário do que faria supor suas tão distintas trajetórias políticas, os três candidatos competem com programas pouco diferentes entre si.
''Em termos programáticos, há matizes, mais do que diferenças fortes, o que é a manifestação de um traço bastante generalizado das campanhas contemporâneas, mas também não significa que as candidaturas sejam a mesma coisa'', disse o cientista político chileno Alfredo Joignant, da Universidade do Chile.