Estima-se que para cada grupo de 100 indivíduos, seis têm medo de dirigir. No Brasil, 70% dos que apresentam essa dificuldade são mulheres entre 30 e 60 anos.
Segundo o Detran de São Paulo, entre motos e automóveis, a cidade de São Paulo ganha, por ano, 317.550 novos veículos. São mais de 820 novos veículos por dia que ganham as ruas. Em meio a motoboys, ônibus, caminhões, bicicletas e carros espremidos no caótico e precário tráfego na cidade de São Paulo, não é raro encontrar motoristas que declaram ter medo de dirigir pela cidade. "São pessoas que relatam suor, tremedeira, taquicardia e até mesmo vontade de sair correndo, quando estão ao volante", afirma a psicóloga Adriana de Araújo.
Segundo a psicóloga, os medos mais freqüentes em relação ao carro são o de tirar o carro da garagem, subir ladeiras, estacionar, atropelar alguém, bater o carro... Por fim, "o indivíduo acaba evitando o carro, até mesmo deixando de comprá-lo, apresentando várias desculpas para não dirigir", diz a psicóloga. O medo de dirigir é comum na maioria das pessoas e faz parte do dia-a-dia de muita gente. "Está associado aos transtornos de ansiedade que acabam provocando limitações, baixa auto-estima e dependência de outras pessoas, dificultando o enfrentamento de situações cotidianas do indivíduo", explica Adriana de Araújo.
Por que o medo surge?
Dentre os fatores relacionados ao aparecimento do medo de dirigir estão acidentes graves ou leves; a falta de autonomia financeira, pois quem não tem condições de ter um carro pode ficar inseguro em dirigir o carro de outrem; uma sensação de mal estar em relação a lugares fechados, o que também pode ser estendido ao carro; um desconforto em relação a situações externas, como por exemplo, um assalto, um seqüestro relâmpago.
Porém, a maior causa que leva uma pessoa a ter medo de dirigir está relacionada ao seu próprio tipo de personalidade, pois, o ato de dirigir acaba expondo o indivíduo às criticas e observações de outros. "Hoje em dia, dirigir um veículo se tornou uma necessidade e o não dirigir promove uma discriminação pelo grupo social – familiar e profissional – em que o indivíduo vive. Aprender a guiar um carro é mais uma etapa das diversas aprendizagens que podemos ter durante a vida. É uma conquista que também simboliza independência. É poder, por assim dizer, se locomover de uma maneira mais rápida, chegar e sair dos lugares, sozinho ou acompanhado", explica Adriana.
É possível superar este medo?
"Para cada caso é possível um tratamento. A solução pode ser a realização de mais aulas de direção para um maior aperfeiçoamento ao dirigir, como também pode passar por sessões de psicoterapia, com o intuito de compreender melhor os processos psíquicos individuais que levam cada um a ter uma reação de desconforto perante a situação de guiar um carro. É possível superar esta fobia, trabalhando os aspectos emocionais e práticos ao mesmo tempo, através do resgate da auto-estima, da redução da ansiedade, ressaltando os aspectos positivos da personalidade deste motorista, levando-o ao auto-conhecimento", explica a psicóloga.
Para enfrentar o medo de dirigir, é preciso:
• Assumir o sentimento de medo, não sentindo vergonha, pois, este é um problema comum que é possível pode ser resolvido;
• Sentir motivação para querer dirigir, enfrentando o problema;
• Persistir e treinar, não encarar o carro como algo estranho a você.
* Adriana de Araújo é graduada em Psicologia pela Faculdade Paulistana de Ciências e Letras de São Paulo. É especializada em E.M.D.R (técnica de tratamento focalizado em terapia breve), hipnose ericksoniana e practitioner em programação neurolingüística (PNL). Para mais informações acesso o site www.curadalma.com.br.