A polícia dinamarquesa prendeu nesta terça-feira (12) três pessoas suspeitas de planejar a morte de um cartunista que fez uma caricatura do profeta Maomé em 2005.
O serviço de inteligência da Dinamarca disse que as prisões ocorreram na região de Aarhus, no oeste do país, durante a madrugada, "para impedir um assassinato associado ao terrorismo".
O serviço de inteligência dinamarquês afirma que as prisões foram realizadas após uma longa investigação. Os detalhes não foram revelados, mas, segundo a edição online do jornal Jyllands-Posten, os suspeitos detidos planejavam matar o cartunista Kurt Westergaard.
Em setembro de 2005, o Jyllands-Posten, maior jornal da Dinamarca, publicou caricaturas de Maomé criadas por Westergaard. Os desenhos provocaram protestos e mortes em uma série de países.
A tradição islâmica proíbe a divulgação de desenhos ou imagens de Maomé.
Dois dos suspeitos presos nesta terça-feira são tunisianos, e o terceiro é um dinamarquês de origem marroquina.
De acordo com as autoridades, o dinamarquês será libertado enquanto mais investigações são feitas. Os tunisianos ficarão detidos e, depois, serão deportados.
Proteção policial
O jornal Jyllands-Posten, com sede em Aarhus, diz que Westergaard, de 73 anos, e sua esposa Gitte, de 66, estão sob proteção policial há três meses.
"É claro que temo pela minha vida quando o serviço de inteligência da polícia diz que pessoas têm planos concretos de me matar", disse o cartunista em uma declaração publicada no site do jornal.
O cartunista foi um dos 12 artistas por trás das caricaturas de Maomé, mas foi o responsável pelo desenho considerado o mais polêmico de todos. A caricatura mostrava a cabeça do profeta com um turbante, uma bomba e um pavio aceso.
Os desenhos foram mais tarde reproduzidos em mais de 60 jornais, o que causou uma onda de protestos em partes do mundo islâmico.
As manifestações culminaram há um ano, quando escritórios diplomáticos dinamarqueses foram incendiados na Síria e no Líbano e dezenas de protestos terminaram em mortes na Nigéria, na Líbia e no Paquistão.
As prisões desta terça-feira provocaram surpresa na Dinamarca, onde o furor em torno das caricaturas parecia ter sido esquecido.