Segundo cobertura do Última Instância, veja alguns momentos do julgamento de Suzane von Richthofen e dos irmãos Daniel e Cristian Cravinhos, no Fórum da Barra Funda. Eles são réus confessos no assassinato do casal Manfred e Marísia von Richthofen, pais de Suzane, no dia 31 de outubro de 2002.
Daniel Cravinhos, primeiro a falar no julgamento desta segunda-feira (17), disse que Suzane von Richthofen é a "mentora" do assassinato dos pais, Manfred e Marísia, em crime ocorrido em outubro de 2002. Em seu depoimento, Daniel, que foi namorado de Suzane até pouco depois do crime, também afirmou que seu irmão, Cristian, não teve participação no assassinato do casal.
Ao depor, Daniel disse que, por ser agredida e sofrer abusos do pai, Suzane arquitetou o assassinato. Momentos antes, Daniel afirmou que Manfred von Richthofen batia e abusava da própria filha.
Num certo momento do depoimento, Daniel disse que também considerava Andreas (o outro filho do casal Richthofen), como um irmão. "Eu era o melhor amigo dele. Suzane ficava de castigo e planejava a morte dos pais. E eu pensava: ‘que adolescente não tem problema com os pais?’ Foi quando ela me falou que queria matar os pais, e que só ficaria bem quando isso acontecesse", contou Daniel no depoimento.
O ex-namorado de Suzane disse que, com dois meses de relacionamento, tentou manter relações sexuais com ela, mas Suzane teria chorado muito. Daniel contou que antes do crime os dois não podiam mais se ver dado à não aprovação do namoro pelos pais da estudante. Segundo ele, Suzane fumava maconha e cigarro já antes de conhecê-lo, o que o levou a usar a droga. "Toda vez que ela chegava da faculdade ela chegava com o cheiro", disse.
De acordo com o depoimento de Daniel, em todas as viagens escondidas dos dois namorados, Suzane falava que ia matar os pais. Em uma das viagens, Suzane teria discutido com Daniel e afirmado que mataria os pais de outra forma, não utilizando a arma. "Ela falou que com a arma não iria dar, mas que tinha as pás. Meia calça...Foi tudo idéia dela, porque tinha tudo que ser perfeito porque ela tinha ouvido uma discussão entre a empregada e a mãe dela, e que poderia incriminá-la", afirmou.
Daniel afirmou que Suzane já tinha pedido para levar Andreas ao cibercafé antes mesmo do crime. "Às vezes, eu levava ele escondido dos pais. Eu gostava de ir com ele lá. E nós iríamos comemorar o aniversário [dela] num motel. Foi aí que ela falou que ia fazer o crime nesse meio tempo."
Noite do crime
Segundo Daniel, como as pás não estavam na casa, então Suzane pediu que ele buscasse as pás. "Eu fiquei desesperado, não falei disso pra ninguém. Fui falar com meu irmão, falei que não iria conseguir fazer aquilo sozinho. Fiquei tanto tempo convivendo com isso que não consegui. Ele [Cristian] foi contra. Quando era umas 22h30 o Andreas ligou porque tinha combinado de sair quando os pais estariam dormindo. Deixei o Andreas no ciber, dei a volta e peguei meu irmão, só falava que ele tinha que me ajudar, porque sempre eu ajudei ele. Ele era contra, disse que isso não podia ser feito, que não era normal. Suzane insistia, que não agüentava mais", afirmou.
"Quando eu dei por mim, já estávamos chegando na casa dela. Ela foi orientando a gente no que fazer no crime, me deu a luva, pediu para eu colocar a meia calça para não deixar vestígio na casa, coloquei por cima do sapato. Ela entrou na sala da casa, viu se os pais estavam dormindo, voltou e viu que a gente estava na garagem. Fomos com ela no começo da escada, ela falou que ia acender a luz do corredor. Na hora que ela acendeu a luz, eu e meu irmão fizemos muito barulho, desesperados. Meu irmão passou mal e desistiu, eu entrei no quarto fui em cima do Manfred. Na hora que percebi, já estava fazendo aquilo. Meu irmão não conseguiu, ficou parado, em estado de choque, eu que fui em cima da Marísia também", conta.
O juiz abriu a possibilidade de os jurados fazerem perguntas para Daniel, que, questionado, disse não se lembrar corretamente, mas que imaginava ter desferido de quatro a seis golpes em cada um dos pais de Suzane.
A promotoria espera uma pena mínima de 50 anos para cada um dos réus. Ao chegar para o julgamento, o promotor Nadir de Campos afirmou haver um acordo entre a acusação e a defesa dos Cravinhos, para garantir a realização do júri nesta segunda-feira. Os advogados dos Cravinhos, no entanto, disseram desconhecer o acerto.
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