Cristina Kirchner tomou posse nesta segunda-feira como presidente da Argentina, em Buenos Aires, e criticou o Uruguai. Disse que o país vizinho não cumpriu acordos sobre a questão das fábricas de papel do lado uruguaio da fronteira, uma polêmica que se arrasta por cerca de dois anos - os argentinos são contra, sob a alegação de danos ambientais ao Rio Uruguai, que separa as duas nações.
Cristina agradeceu a presença do presidente uruguaio, Tabaré Vázquez, mas deixou clara sua postura. Negou que seja "indiferente à situação que atravessamos", pediu um "exercício de sinceridade dos dois lados" e declarou: "Não vai ser dessa presidente nenhum gesto que aprofunde nossas diferenças". Afirmou ainda que "os argentinos vão continuar tratando uruguaios como irmãos".
Ainda na esfera externa, a presidente pediu colaboração para negociar a liberação de Ingrid Betancourt, ex-candidata à Presidência da Colômbia que está sob domínio das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Frisou que não pretende interferir em assuntos internos de outros países, mas disse que é preciso respeitar os direitos das pessoas, "para que não cheguemos tarde".
Cristina falou sobre a necessidade de realizar uma reforma judiciária no país, "para que os argentinos possa sentir a Justiça como um valor reparador". Mencionou também a necessidade de melhorar a educação e combater a sonegação de imposto, "para que não haja nenhum argentino que não pague impostos". "É preciso liberdade e igualdade, uma sem a outra não funciona".
A nova presidente argentina afirmou que sua eleição "ratifica uma construção social e econômica diferente".
A cerimônia foi realizada no Congresso. Cristina foi muito aplaudida e, ao final, recebeu a tradicional chuva de papel picado que marcou os atos públicos de sua campanha.
ABr