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Coréia do Norte ameaça interromper diálogo com EUA

05 mai 2003 às 18:11

A Coréia do Norte ameaçou hoje interromper o diálogo iniciado com os Estados Unidos, se Washington não aceitar o seu plano de abandono das ambições nucleares em troca de concessões econômicas e diplomáticas.

Na primeira negociação entre EUA e Coréia no mês passado, em Pequim, Pyongyang propôs abandonar os seus programas de mísseis e armas atômicas em troca de uma série de vantagens econômicas e políticas, segundo fontes norte-americanas.


Estas negociações desembocaram num impasse, pois a proposta norte-coreana foi rejeitada como "chantagem" pelos EUA, que exigem o desmantelamento verificável das instalações nucleares da Coréia do Norte antes de qualquer negociação substancial, enquanto Pyongyang reclama garantias prévias de segurança.


Hoje, O jornal norte-americano "The New York Times" afirma que os EUA estudam uma reorientação da política a respeito da Coréia do Norte mais para proibir a exportação de materiais nucleares do que para impedir sua produção.


O presidente norte-americano, George W. Bush, falou desta nova linha de ação durante o fim de semana com o primeiro-ministro australiano, John Howard, em seu rancho do Texas, de acordo com o jornal.


Segundo o "NYT" - que cita um alto funcionário do governo dos EUA, que teria falado sob condição de anonimato - Bush teria dito que a preocupação principal não era o que eles [norte-coreano] têm, mas aonde podem chegar.


A crise envolvendo a Coréia do Norte começou em outubro, quando os EUA revelaram que, num encontro entre autoridades americanas e norte-coreanas, Pyongyang teria admitido manter um programa nuclear secreto.


Em novembro, os EUA anunciaram que deixariam de fornecer combustível ao país, pois a Coréia do Norte estaria desrespeitando um acordo firmado em 1994. Segundo esse acordo, a Coréia do Norte se comprometeu a abandonar seu programa nuclear em troca de fornecimento estável de combustível pelos EUA.


No dia 29 de dezembro, a Coréia do Norte expulsou do país os últimos inspetores de armas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, ligada à ONU), responsáveis pelo monitoramento do complexo nuclear de Yongbyon - capaz de enriquecer plutônio para uso em armas nucleares. Os inspetores deixaram a Coréia do Norte no dia 31 de dezembro.


A Coréia do Norte tinha anunciado que ia reativar seus reatores nucleares que produzem plutônio - desativados após a assinatura, em 1994, de um acordo com os Estados Unidos - para produzir energia.


Segundo o acordo de 1994, a Coréia do Norte se comprometia a congelar suas instalações em troca da construção por um consórcio ocidental de dois reatores que poderiam servir para fins militares. Para compensar a perda de energia, os Estados Unidos deviam entregar a Pyonyang 500 mil toneladas de combustível por ano até o final da construção das novas centrais.

Depois disso, a Coréia do Norte abandonou o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, expulsou os inspectores da agência nuclear da ONU e reactivou uma central que tinha sido fechada no âmbito de um acordo assinado em 1994 com os Estados Unidos.


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