O copiloto de um avião da Ethiopian Airlines fechou-se na cabine da aeronave, deixando o piloto do lado de fora, sequestrou o avião que seguia para Roma e pousou nesta segunda-feira em Genebra. Segundo autoridades suíças, ele fez isso numa tentativa de pedir asilo no país.
O Boeing 767-300, com 202 passageiros e tripulantes a bordo, havia decolado da capital etíope, Adis-Abeba, e pousou na cidade suíça às 6h (horário local, 3h em Brasília). Autoridades disseram que ninguém que estava na aeronave ficou ferido e que o sequestrador foi detido após se render à polícia.
A aeronave enviou uma mensagem de socorro quando sobrevoava o território do Sudão, a caminho de Roma, informou um funcionário etíope. "A partir do Sudão até a Suíça, o copiloto tomou o controle do avião", disse o ministro de Comunicações da Etiópia, Redwan Hussein, sem dar mais detalhes.
Mas os passageiros da aeronave não ficaram sabendo do sequestro, informaram funcionários. Até mesmo autoridades locais, em princípio, pensaram que se tratasse de um pouso de emergência para reabastecimento, antes de se darem conta de quer era um sequestro, disse o porta-voz da polícia de Genebra, Eric Grandjean.
Dois jatos de combate italianos foram enviados para acompanhar o avião, informou aos jornalistas o chefe-executivo do aeroporto de Genebra, Robert Deillon. O copiloto, um etíope nascido em 1983, tomou o controle da cabine do avião quando o piloto saiu do local, disse Deillon. "O piloto foi ao banheiro e o copiloto se trancou na cabine", afirmou ele. "Ele quer asilo na Suíça."
Poucos minutos depois de pousar em Genebra, o copiloto saiu da cabine usando uma corda e se dirigiu às forças policiais que estavam próximas à aeronave e "anunciou que ele era o sequestrador", disse Grandjean.
Não estava claro por que o copiloto, cujo nome não foi divulgado, quer asilo. Mas a Ethiopian Airlines é de propriedade do governo etíope, que enfrenta contínuas críticas por causa de questões de direitos humanos e suposta intolerância com dissidentes políticos.
A polícia escoltou os passageiros um por um para fora da aeronave, com as mãos na cabeça, para veículos que os aguardavam.
O promotor de Justiça de Genebra, Olivier Jornot, disse que o copiloto será indiciado por fazer reféns, crime punível com até 20 anos de prisão. O escritório federal da promotoria suíça vai assumir a investigação do caso.
Jornot disse que as chances do homem conseguir asilo no país são escassas. "Tecnicamente, não há conexão entre asilo e o fato de ele ter cometido um crime para chegar aqui", disse ele. "Mas eu acho que suas chances não são muito grandes."
O aeroporto de Genebra ficou fechado para outros voos por cerca de duas horas após o pouso do avião sequestrado.
Segundo o Human Rights Watch, o histórico de respeito aos direitos humanos na Etiópia "tem se deteriorado bastante" nos últimos anos. O grupo diz que as autoridades têm restringido severamente os direitos básicos de liberdade de expressão, associação e reunião. O governo tem sido acusado de atacar jornalistas, opositores e a minoria muçulmana. Fonte: Associated Press.