Um protesto contra a proibição da venda de bebidas alcoólicas em estabelecimentos à margem de rodovias federais fechou hoje (6) a BR-060, nos dois sentidos, durante cerca de uma hora, no trecho próximo à cidade de Alexânia, em Goiás.
A manifestação, organizada por comerciantes, provocou engarrafamento de cerca de dois quilômetros. Os comerciantes bloquearam as duas pistas da rodovia com pneus, aos quais atearam fogo.
A BR-060 começa em Brasília, no Distrito Federal, e termina no município de Bela Vista, em Mato Grosso do Sul, na fronteira com o Paraguai.
O protesto deixou revoltadas as pessoas impedidas de seguir viagem.O motorista profissional Evaldo Dias Borges, de 43 anos, que tinha cirurgia marcada para hoje, às 13h30, em Goiânia, disse que é contra a proibição da venda de bebida alcoólica nas estradas, mas reclamou desse tipo de protesto, que, segundo ele, atrapalha a vida da população.
"Eles [comerciantes] têm que protestar, mas deveriam procurar não prejudicar outras pessoas, ao fechar uma BR como essa, porque tem gente que vai trabalhar, passear ou fazer algum tratamento. Eu não acho justo desse jeito."
O servidor público Alisson Camilo, de 30 anos, que levava a mulher Iara Valéria de Alvarenga, de 40 anos, para fazer radioterapia em Goiânia, sugeriu que os manifestantes protestassem em outro lugar: "Esse tipo de protesto tinha que ser feito lá em frente ao [Palácio do] Planalto. A gente não tem nada a ver com isso."
Os motoristas que ficaram retidos na rodovia tentaram iniciar uma mobilização para desobstruir a pista. Alguns pegaram pedras e pedaços de pau, mas não chegaram a atirá-los nos manifestantes.
Quando a Polícia Militar chegou, chamou a Polícia Rodoviária Federal e o Corpo de Bombeiros. Porém, os motoristas que estavam retidos na rodovia improvisaram e resolveram o problema: um deles usou o extintor de incêndio do carro para apagar o fogo e outro tirou as cinzas da pista com um pedaço de madeira.
O comerciante Marcos Santos, organizador do protesto, afirmou que a medida prejudica os donos de estabelecimentos à beira das rodovias, porque eles dependem do dinheiro da venda de bebidas para movimentar o comércio, cuidar da saúde e pagar suas contas. Para ele, o governo deveria aumentar a fiscalização nas estradas, em vez de impedir a venda de bebidas.
Dono de um restaurante que tem também serviço de lanchonete na BR-060, Marcos Santos disse que teve prejuízo de R$ 6 mil neste carnaval e que, provavelmente, precisará demitir 70% de seus 20 funcionários. Além disso, foi multado em R$ 1.500 por vender bebida alcoólica e em R$ 300, por não ter afixado no restaurante um cartaz informando sobre a proibição.
Segundo Santos, ele e os demais comerciantes que têm restaurantes e lanchonetes na região também tiveram prejuízo com a estrutura especial que montaram à beira da estrada para o carnaval. Era uma estrutura fechada, com palco, quiosques, mesas e cadeiras para quem quisesse se divertir ou descansar. "Ontem, tivemos que parar por causa dessa medida. Se não tem bebida, não tem carnaval."
As informações são da Agência Brasil.