As pilhagens em Bagdá fizeram as primeiras vítimas, segundo um hospital que admitiu nesta sexta-feira 25 feridos. Os comerciantes começaram a defender-se, disparando contra os ladrões no centro da capital iraquiana, que continua mergulhada no caos.
Os feridos - entre os quais duas crianças - foram internados no hospital Al-Kindi, que pilhado e abandonado pelo seu pessoal, não tem condições para prestar assistência, segundo informaram dois médicos voluntários.
Em dois incidentes separados, os comerciantes, armados com espingardas, pistolas e barras de ferro, e que montavam a guarda diante as suas lojas, investiram sobre grupos de ladrões que se aproximavam do bairro comercial de Al-Arabi.
Segundo eles, os soldados norte-americanos não apenas são indiferentes aos saques, como incentivam os ladrões a roubar e destruir tudo o que encontram pela frente. As tropas norte-americanas tentam desarmar a cidade, onde ainda é possível encontrar algumas forças leais ao regime de Saddam Hussein.
"Queremos cumprir a lei, mas se os norte-americanos não nos defenderem, nós mesmos trataremos da nossa defesa", afirmou um habitante de Bagdá, Khazen Hussein.
O general Stanley McChrystal, membro do Estado-Maior das Forças Armadas, disse que "não podemos fazer tudo ao mesmo tempo".
O correspondente da CNN, Martin Savidge, que está em Bagdá, confirmou que os saques continuam, mas observou que não está claro se ainda resta muito o que levar, depois de dois dias de ataques de populares a escritórios governamentais, palácios presidenciais, casas de autoridades do partido Baath e outros lugares, incluindo hospitais e bancos.
A situação no hospital Al-Kindi, o primeiro a ser visitado pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) após uma interrupção das suas inspeções, é "caótica e catastrófica", disse Peter Tarabula, coordenador do CICV. O hospital foi completamente saqueado e não restaram nem camas.
Savidge, que acompanha o Exército norte-americano, disse que as forças da coalizão ainda são alvo de ataques esporádicos. "Escutamos alguns tiros que pareciam vir da direção norte", disse Savidge, que estava em frente ao Hotel Palestine, no centro de Bagdá.
De acordo com Savidge, "os fuzileiros navais consideram esses disparos ações experimentais e raramente reagem". A enorme quantidade de armamento localizada em Bagdá está deixando as equipes de destruição de armas bastante ocupadas. "Há morteiros, bombas, projéteis de toda classe e toneladas de munição", disse Savidge. As informações são da CNN.