Uma em cada seis crianças no mundo é submetida ao trabalho. No Brasil, a situação é considerada preocupante: são mais de 2 milhões de crianças e adolescentes, de 5 a 14 anos. E entre os jovens, até 17 anos, o número sobe para 5,5 milhões.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD), realizada em 2001 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Para conscientizar governos e sociedade sobre o problema, diversos países promoverão eventos nesta quinta-feira em comemoração ao Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil.
No Brasil, a OIT e o governo federal realizarão atividades em diversas cidades, com o objetivo de incentivar a sociedade a denunciar a exploração infantil. A campanha deste ano tem como destaque o combate ao tráfico de crianças.
Na luta pela erradicação desse problema, o governo federal ganhou um novo aliado. Ao participar, na quarta-feira, da 91ª Conferência Internacional do Trabalho, em Genebra, a secretária do Trabalho dos Estados Unidos, Elaine Chao, informou ao ministro do Trabalho, Jaques Wagner, que o presidente George Bush poderá destinar aproximadamente US$ 5 milhões para programas de combate à exploração da mão-de-obra infantil.
De acordo com a PNAD, 45,2% dos menores ocupados nas áreas urbana e rural eram empregados e trabalhadores domésticos. E mais de 41% dos pesquisados não recebiam pagamento pelos serviços que prestavam.
Outros dados revelaram que 6,2% trabalhavam por conta própria ou empregadores, e mais de 7% produziam para o próprio consumo. A pesquisa constatou ainda que 49% dos menores na faixa dos 5 aos 17 anos não estudavam.
Segundo dados da OIT, a maioria das crianças brasileiras trabalha em carvoarias, canaviais e olarias, onde ficam expostas a produtos tóxicos. Mas nas grandes cidades a exploração da mão-de-obra infantil é tão cruel quanto no campo: em geral, os menores costumam trabalhar nos lixões, nas ruas como ambulantes, realizando trabalhos domésticos ou na prostituição.
O Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil foi criado em 2002 pela OIT, com o objetivo de promover discussões entre governantes e sociedade sobre a importância de se desenvolver políticas que erradiquem a exploração da mão-de-obra infantil até junho de 2004.