A Dinamarca volta à vida quase normal na próxima sexta (21), anunciou o governo na madrugada desta terça. Com a exceção de casas noturnas, todas as outras atividades serão reabertas. As máscaras cairão em desuso no fim de agosto.
O segredo do relaxamento não está na vacinação, já que o projeto inicial de multiplicar por dez o seu ritmo fracassou com os relatos de efeitos colaterais do imunizante da AstraZeneca. A Dinamarca foi um dos primeiros países a interromper o uso dessa vacina, que abandonou completamente em abril.
Um mês depois, a nação escandinava está atrás de Islândia, Espanha ou Alemanha em proporção de vacinas aplicadas por habitante, mas assumiu outra liderança: a dos testes. Nenhum outro país do mundo cercou tanto o Sars-Cov-2 quanto ela, de acordo com o registro WorldOMeters.
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Desde o começo da pandemia, foram usados mais de 8 kits de diagnóstico por habitante –ou 48 milhões de testes. Como comparação, o Reino Unido, que também se baseia na testagem em massa para garantir o desconfinamento, fez 2,49 testes por habitante, e os Estados Unidos, 1,4 –os números brasileiros são imprecisos, mas ficam em torno de 0,2 teste por habitante.
"A Dinamarca tem as ferramentas certas para manter a epidemia controlada: uma grande capacidade de teste e de ação no caso de surtos locais, rompendo as cadeias de infecção", afirmou o ministro da Saúde, Magnus Hunicke, nesta terça.
Segundo ele, a aceleração da volta às atividades é possível porque a população aderiu aos testes e às vacinas. O impacto positivo do diagnóstico intensivo no controle da pandemia foi verificado em um experimento-piloto feito na ilha mais turística do país, Bornholm.
Em março, os moradores da região passaram a fazer dois testes diários, inclusive nas escolas. A taxa de contágio se manteve controlada mesmo após o grande afluxo de visitantes na Páscoa afirmou Gitte Bertelsen, assessora da administração local.
O feriado era considerado um momento crítico, porque o número de pessoas na ilha costuma aumentar até 25%. "Houve um aumento claro na procura dos habitantes pelos exames, porque os resultados negativos permitem ir a qualquer lugar nas 72 horas seguintes", afirma Gitte.
Resultados negativos para o cornavírus entram automaticamente no aplicativo dinamarquês conhecido como "coronapasse", onde também são registradas as doses de vacinação ou a recuperação de Covid-19.
A ilha também estava acima da média na imunização –quase 40% da população recebeu ao menos uma dose, e mais de 25% estão totalmente vacinados. Na Dinamarca, até esta terça, eram 29% os que tomaram uma injeção e pouco mais de 18% os que já receberam as duas.
O governo afirma que, apesar dos números ainda baixos de imunizações, os grupos de risco já completaram as doses. Ainda que a transmissão se eleve com a maior circulação entre as pessoas, isso não deve se traduzir em mais hospitalização ou aumento das mortes, de acordo com autoridades de saúde.
A reabertura vai permitir a reunião de até 50 pessoas em ambientes externos e 100 ao ar livre, limites que serão ampliados em julho e liberados em agosto, salvo para grandes aglomerações, como festivais. Ensino superior e todas as escolas para adultos poderão ter aulas presenciais normalmente –o que já ocorria na educação básica.
Os planos também incluem acabar com o "coronapasse" em julho e deixar de exigir o uso de máscaras de proteção a partir do final de agosto, quando se espera que a população cima de 16 anos esteja vacinada.
O trabalho remoto começa a ser eliminado nesta sexta: empresas poderão operar com 20% de sua ocupação presencial. A proporção aumentará para 50% em 14 de junho e 100% em 1º de agosto.
A Dinamarca também liberou viagens turísticas na zona Schengen (que inclui 30 nações europeias), embora passageiros que venham de zonas laranjas precisem fazer testes e quarentena obrigatória, a não ser que estejam totalmente vacinados.